O ano de 2018 começou quente. Não apenas na temperatura ambiente, natural em nosso período de verão, mas, principalmente no mundo das fusões e aquisições, com mais de 50 transações envolvendo empresas brasileiras sendo divulgadas nos mais diversos meios digitais e impressos.

Especial destaque para as seguintes transações:

1.     PagSeguro levanta US$ 2,3 bilhões em IPO na bolsa de Nova York

2.     Vale conclui venda da Vale Fertilizantes para a Mosaic (avaliado em US$ 2,3 bilhões)

3.     Petrobras conclui venda de ativos no pré-sal à Total em negócio de até US$ 2,35 bi

4.     Ecorodovias compra concessionária Rodovias Minas Gerais por R$ 600 milhões

5.     Amaggi negocia compra da Ciapar, dona da Fazenda Itamarati Norte

6.     Duratex anuncia venda de terras e florestas para Suzano por R$ 1,05 bi

7.     Grupo Cruzeiro do Sul paga R$ 340 milhões por faculdade

8.     Gerdau vende hidrelétricas para mineradora Kinross por R$ 835 mi

9.     Petrobras obtém R$ 444,2 mi com venda de fatia na São Martinho

10.   Fosun conclui compra de 70% da Guide Investimentos por até R$ 290 milhões

Esse grande número de transações reportado pela mídia brasileira nos meses de janeiro e fevereiro mostra que os empresários, brasileiros e estrangeiros, estão acelerando os processos de compra e venda de empresas.

Diversos fatores podem estar por de trás desse ritmo acelerado de transações. Demanda refreada ou mesmo a perceptiva de valorização futura em função da iminente recuperação da economia podem ser alguns dos fatores contribuindo para esta forte movimentação no mercado de fusões e aquisições.

Porém, continuo acreditando que a pressão do fator tempo (tema já explorado no meu último artigo) continua exercendo um peso significativo para o aumento no volume de transações no Brasil. Só que não apenas para endereçar temas de competividade, mas por outro grande fator: as eleições de outubro / novembro.

Com a incerteza no cenário político brasileiro, principalmente de quem será o próximo presidente do país (e qual será a sua linha-mestre de gestão), é praticamente certo que a maioria das transações que não vier a ser concretizadas até meados de agosto/setembro, deverão ser levadas em “banho maria” até que todos nós saibamos os rumos políticos (e econômicos e sociais) do Brasil. E, como a expectativa é de termos essa definição apenas após o segundo turno das eleições, essas transações seriam adiadas para dezembro.

E com um agravante: dependendo dos resultados, poderemos ter uma grande euforia entre os empresários ou (que Deus nos livre) um grande desânimo. Ambos os cenários com um impacto direto no apetite (e preço) pelas transações em andamento (e nas futuras). Ou seja, é esperado muita “correria” até as eleições.

Logo, se você ainda pretender vender ou comprar uma empresa ainda neste ano, contrate um bom Advisor e mova rápido. Mas é preciso tomar cuidado para não deixar que essas eleições, por mais que sejam de grande importância para o futuro de nosso país, tenham peso demasiado nas decisões de fusões e aquisições.

Até porque o Brasil não acaba em novembro!