Em 2015, a Embraer investiu na Tempest Security Intelligence, empresa brasileira de cibersegurança que faturava não mais do que R$ 15 milhões. Com o aporte, por meio da FIP Aeroespacial, um fundo de venture capital que também tem o BNDES e a agência Desenvolve SP como cotistas, ficou com 37% da fatia da companhia. No ano passado, nova injeção de recursos, desta vez para a Embraer tornar-se controladora do negócio. O apetite para investir no setor tem explicação. Segundo a Gartner, o mercado global de produtos e serviços de cibersegurança vai subir 12,4% em 2021, para US$ 150,4 bilhões, frente ao crescimento de 6,4% em 2020. No prognóstico estão a digitalização acelerada de pessoas e empresas, avanço de ataques digitais para roubos e fraudes e evolução de regras e legislações, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Nesse panorama, a Tempest vem crescendo 30%, em média, por período, nos últimos cinco anos e tornou-se a maior companhia do País especializada em crimes cibernéticos, com 450 funcionários (150 deles contratados durante a pandemia), previsão de faturamento de R$ 180 milhões em 2021 e operações em Recife — onde foi fundada em 2000 no Porto Digital —, São Paulo e Londres. “Estamos muito animados com o mercado. Temos situação boa para aproveitar o crescimento que vem por aí e nos posicionar como player fim a fim, em todas as etapas da jornada de segurança”, afirmou o cofundador e CEO da Tempest, Cristiano Lincoln Mattos.

Capitalizada, aquisições estão por vir, diante de um mercado que, no Brasil, está fragmentado. “Dezenas de empresas com receita de menos de R$ 30 milhões e poucas com faturamento acima de R$ 150 milhões”, disse o executivo. Em outra ponta estão gigantes como IBM, Kaspersky e Accenture, que possuem operação em solo brasileiro voltada à cibersegurança. Grande possibilidade de o que está fracionado ser somado.

Divulgação

“Temos boa situação para aproveitar o crescimento que vem por aí e nos posicionar como player fim a fim, em todas as etapas” Lincoln Mattos, CEO da Tempest.

Enquanto analisa possibilidades, a Tempest se desenvolve e cria produtos em suas linhas de consultorias, Managed Security Services (MSS), Integração de Softwares de Segurança e Digital Identity (soluções de proteção de identidade do usuário). Dos mais de 400 contratos, a maioria da receita — cerca de 60% — é do setor financeiro, com grandes bancos, fintechs e seguradoras. Em território europeu, presta serviços para poucos, mas bons. Banco Suíço, Tesco (uma das maiores redes de supermercado do continente) e COI (Comitê Olímpico Internacional) são alguns deles. Também estão sob o guarda-chuva das soluções da empresa brasileira os dados do jornal The Guardian e da revista The Economist. Nestes casos, a Tempest protege a informação literalmente.