Os termômetros continuavam subindo na Europa nesta terça-feira (25), especialmente no sul e no leste do continente, com temperaturas inéditas para um mês de junho que podem se intensificar nos próximos dias em vários países.

Na França, onde se espera entre 35°C e 39°C hoje à tarde, as autoridades emitiram um alerta laranja em mais da metade dos departamentos e pediram à população que tome precauções.

“Sou uma pessoa da terceira idade. Então, vou ficar em casa”, disse à AFP Mireille Soler, uma moradora de Marselha, de 80 anos.

“Bebo muita água, me hidrato. Mas este calor é preocupante, me pergunto como serão os próximos anos”, acrescentou ela.

Em Paris, que, como todas as grandes cidades, transformou-se em uma bolha de calor devido ao cimento, às atividades humanas e à falta de árvores, os moradores invadiram as piscinas municipais da cidade.

“Trouxe os meninos para se refrescarem um pouco. Em casa, nós nos sentimos sufocados”, conta Cecilia Teran, mãe de duas crianças de 7 e 2 anos.

Segundo o órgão nacional de previsão meteorológica, a Météo France, esta onda de calor não tem precedentes para um mês de junho, desde 1947, por sua intensidade.

Os especialistas preveem que o termômetro continuará subindo amanhã, até passar dos 40°C em várias localidades do leste e do centro da França, como Besanzon, Clermont-Ferrand, ou Lyon, e se estenderá até o fim de semana, pelo menos no sudeste do país.

– O inferno está chegando –

Na Espanha, essa onda de calor provocada pela chegada de massa quente da África vai durar pelo menos até 1º de julho. Na sexta-feira, as temperaturas poderão chegar a 45°C em Gerona e a 44ºC no fim de semana em Zaragoza, ambas no nordeste do país.

“O inferno ‘is coming’ (está chegando)”, anunciou em sua conta no Twitter a meteorologista Silvia Laplana, do canal público RTVE, ao lado de um mapa praticamente tingido de vermelho.

“É claro que faz calor no verão, mas, quando falamos de uma onda de calor tão extensa e intensa, na qual, previsivelmente, vão-se bater recordes, isso já não é o normal”, afirmou.

A Agência Espanhola de Meteorologia, AEMET, pôs em alerta laranja cinco províncias do norte para esta quarta-feira, quando o país começará a sentir o fenômeno “excepcionalmente adverso” da onda de calor. Os termômetros devem chegar a até 39ºC.

Na quinta-feira, o alerta se estenderá até dez províncias, no centro e no nordeste, com temperaturas extremas de até 41ºC.

Na Alemanha, as autoridades impuseram restrições de velocidade em alguns trechos das autoestradas até novo aviso, devido ao risco de que o asfalto quente se rompa pelas temperaturas incomumente altas.

Espera-se que as temperaturas alcancem os 39ºC na quarta-feira em Brandenburgo, perto de Berlim, onde houve um grande incêndio florestal com 100 hectares queimados.

– Mudança climática –

Para os cientistas, não há dúvida: cada vez mais frequentes e precoces, as canículas são um sintoma da mudança climática.

“Nosso diagnóstico é que vão ser cada vez mais precoces, mais intensas e mais frequentes”, adverte Jean Jouzel, ex-vice-presidente do Giec (o painel de especialistas do clima da ONU).

“Os verões mais quentes na Europa desde 1500 são todos do início do século XXI: 2018, 2010, 2003, 2016, 2002”, aponta Stefan Rahmstorf, pesquisador do Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK).

“Este aumento dos extremos de calor está acontecendo, como a ciência previu, como resultado direto de um aquecimento induzido pelos gases causadores do efeito estufa da combustão de carvão, petróleo e gás”, acrescenta.

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