Com suas partidas distribuídas por 11 países e com viagens difíceis, devido à pandemia de coronavírus, a Eurocopa de Futebol “não é habitual”, mas “todos temos que nos adaptar” para que ela aconteça – disse o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, em entrevista à AFP nesta sexta-feira (11), a poucas horas do jogo de abertura entre Itália e Turquia, em Roma.

PERGUNTA: Um ano depois da data prevista, a Europa finalmente começa. O que você sente?

RESPOSTA: “Estava convencido, desde o início, de que a Europa seria realizada este ano. Nós a adiamos (em 2020) para que as ligas e os clubes pudessem terminar a temporada. E vamos fazê-la agora. É especialmente importante que tenha sido adiada porque, caso contrário, no ano passado, teria sido uma Eurocopa sem torcedores. Agora, pelo menos temos um certo número de torcedores nos estádios, é muito importante”.

P: É uma vitória pessoal para você?

R: “É o triunfo da organização e uma boa comunicação com os governos e as autoridades locais. Já era um sucesso, porque jogamos quase 1.300 partidas internacionais durante a pandemia (competições de clubes e partidas de seleção organizadas pela Uefa), com rígidos protocolos sanitários. Estamos felizes, mas não queremos ficar contentes em excesso antes do final da Eurocopa. Faremos comentários depois”.

P: Você compreende a decepção das cidades que acabaram não podendo sediar os jogos, como Dublin, ou Bilbao, por falta de garantias na hora de receber os espectadores nos estádios?

R: “Claro que entendo a decepção. Você fica desapontado, quando não pode receber um evento como este. Mas, para nós, era muito importante contar pelo menos com um percentual de torcedores nos estádios. Onze cidades podiam fazer isso, duas não podiam se comprometer. (…) Chegamos a um acordo com as duas cidades, então não acho que vá haver desentendimentos”.

P: Os casos positivos de covid-19 de jogadores (na Espanha, Suécia, Rússia, Holanda) provam que as “bolhas sanitárias” não são 100% herméticas. Você tem medo de eventuais adiamentos de partidas?

R: “Não acho que os jogos vão ser adiados, as bolhas são realmente estritas. Você tem que saber que até os oficiais vacinados devem passar por testes antes de cada partida. Os jogadores estão muito bem protegidos, e acho que é um torneio seguro. Claro, nunca se sabe o que pode acontecer, mas estou muito confiante em que tudo ficará bem”.

P: A ausência de certos jogadores, que testaram positivo para o coronavírus, pode representar um problema de igualdade?

R: “É uma situação particular, todos temos de nos adaptar a esta situação. Estamos fazendo isso há mais de um ano. Se quisermos poder terminar esta Eurocopa, todos temos que entender isso: não é uma Eurocopa habitual, primeiro, porque acontece em 11 países e, além disso, tem uma pandemia que torna as viagens ainda mais difíceis. Todos temos que nos adaptar e, para nós, também não é fácil”.

P: O avanço da variante Delta no Reino Unido ameaça a presença de torcedores em Wembley nas semifinais e na final?

R: “É muito importante que, para a fase final, os torcedores possam vir. Estamos otimistas neste ponto. Sobre as variantes, você tem que perguntar aos epidemiologistas (…) Acho que haverá muitos espectadores na final em Wembley”.

P: A FIFA está aberta à possibilidade de um Mundial a cada dois anos, em vez dos quatro atuais. O que você acha desta proposta?

R: “Não sei se é uma proposta da FIFA, ou da Federação da Arábia Saudita e de outras federações (…) É impossível fazer isso, e nunca vai acontecer. Os jogadores de futebol já jogam muito. Jogando um grande torneio todo o verão é uma ilusão. Seríamos estritamente contra esta proposta, não entra nem no calendário, nem no senso comum”.