O Presidente da República, Michel Temer, defendeu-se em pronunciamento realizado nesta terça-feira, 27, da denúncia feita pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Durante seu discurso, Temer citou um ex-procurador que trabalhava ao lado de Janot e depois ajudou a JBS a fechar o acordo de delação premiada e acusou o Procurador-Geral de tentar paralisar o País ao fatiar a denúncia. “A denúncia é uma ficção. Criaram uma trama de novela.”

O chefe do executivo apareceu apenas mais de uma hora depois do primeiro agendamento feito pelo Planalto. Não havia membros do Congresso suficiente para encher o palanque. Após uma segunda convocação, aproximadamente 30 deputados serviram de moldura para o discurso que durou cerca de 20 minutos. A chamada deixou o Congresso, em dia de sessão mista, para a realização de uma audiência pública em vista a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), vazio — o que foi aproveitado pela oposição.

No início de seu pronunciamento, Temer afirmou que o fazia devido à repercussão política do fato e não como uma defesa jurídica. A denúncia, baseada nos fatos relatados pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, é um ataque injurioso, indigno e infamante em sua visão. “Somos vítima dessa infâmia de natureza política.”

Segundo Temer, Janot faz apenas ilações, pois a denúncia, de acordo com o entendimento do presidente, carece de provas. Na segunda, Janot entregou à Fachin a denúncia contra Temer acusando o presidente de corrupção passiva. “Percebo que reinventaram o código penal e incluíram nova categoria, a denúncia por ilação. Abriu-se portanto um precedente perigosíssimo em nosso direito”, disse Temer.

Durante seu discurso, o presidente citou o caso do ex-procurador Marcelo Miller, que trabalhou ao lado de Janot entre 2013 e março deste ano, mas que deixou a PGR para atuar no escritório de advocacia responsável por fechar o acordo de delação premiada dos irmãos Batista.

“Este senhor (Miller) deixa o emprego que é o sonho de milhares de jovens acadêmicos para trabalhar em empresa que faz delação premiada ao procurador geral. O cidadão, sem cumprir quarentena nenhuma, foi trabalhar para esta empresa e ganhou milhões em poucos meses. O que talvez levaria décadas para poupar.”

O acordo, que deixou livre os irmãos Batista e que permitiu que eles criassem um plano de venda de ativos para deixar o Brasil, foi novamente criticado pelo presidente. “E no caso do senhor grampeador, o desespero de escapar da cadeia moveu ele e seus capangas, para na sequência fazer a delação e seguir para a impunidade”, disse Temer.

Por fim, o presidente acusou Janot de tentar parar o Congresso ao fatiar a denúncia. A PGR decidiu que a denúncia será encaminhada ao ministro do STF Edson Fachin em partes. A primeira foi enviada ontem. A segunda, apenas na próxima semana. “Se fatiam as denúncias para provocar fatos semanais. Querem parar o País, parar o Congresso”, afirmou o presidente.

Assista ao pronunciamento do presidente da íntegra: