O presidente da República, Michel Temer, está definitivamente decidido a defender seu legado e reputação na campanha eleitoral. A opção pela busca da reeleição é recente – “de um mês e meio para cá”, disse Temer em entrevista exclusiva à ISTOÉ concedida na quarta-feira 21, no Palácio da Alvorada. Até então, ele vislumbrava um futuro mais prosaico: voltar para casa, cuidar da família, da mulher Marcela e do filho caçula Michelzinho, deixando de vez a política. A guinada de 180 graus de opinião ocorreu diante da perspectiva de adversários políticos partirem à corrida eleitoral deste ano com o propósito de atacá-lo moralmente e desconstruir o que ele fez. “No Brasil, sempre foi assim: quando um governo substitui outro, quer acabar com o que o governo anterior deixou”, afirma. Temer almeja outro destino para ele e para o País. No que chama de “legado”, lista conquistas como o teto de gastos, a reforma trabalhista, a queda dos juros e da inflação a níveis historicamente nunca alcançados e até a não aprovada reforma da Previdência.

São essas “transformações” que o presidente quer levar adiante ou ao menos empunhar como bandeira na “tribuna” eleitoral. As idéias estão condensadas num programa intitulado “Ponte para o futuro 2”. Ainda em gestação por um grupo de intelectuais do MDB e pela Fundação Ulysses Guimarães, trata-se de uma versão atualizada da proposta apresentada quando ele era vice-presidente, como sugestões partidárias para o País.

No campo dos “aspectos morais”, o presidente invoca os 30 anos de trajetória política – com três passagens como presidente da Câmara – para dizer que não vai aceitar que maculem sua imagem com acusações consideradas por ele “tipicamente armadas”. “Tentaram me derrubar três vezes, essa é a terceira onda de acusações”. Refere-se a episódios como o da gravação de Joesley Batista, da JBS, e o mais recente inquérito envolvendo o Porto de Santos. Ao se defender, insiste que a maioria dos seus detratores dorme na cadeia.

Se Temer já fala como candidato, nos próximos dias, agirá como candidato. O presidente pretende percorrer vários estados a fim de realçar suas realizações e falar diretamente ao eleitor. A intenção é reverter os altos índices de impopularidade aos quais atribui à campanha difamatória urdida contra ele, ao fato de não ter adotado medidas “populistas” e à “ausência de conexão” entre as realizações do governo e a sua figura. Sobre as alianças eleitorais afirma que o ideal seria uma candidatura única do chamado espectro político de centro. Considera que, com sua capacidade de negociação, será capaz de aglutinar os interesses para compor uma base de sustentação sólida em cada estado e município do País.

O presidente tem até agosto para oficializar sua candidatura. Mas o anúncio da entrada de Temer no tabuleiro eleitoral, por si só, já modifica a distribuição das peças do jogo sucessório. “Recuperei um País que estava quebrado. Eu me orgulho do que fiz e preciso mostrar o que está sendo feito. Se eu não tiver uma tribuna o que vai acontecer é que os candidatos sairão e vão me bater. Seria uma covardia não ser candidato”, justificou.

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