O impacto sobre a inflação de junho da crise de desabastecimento provocada pela greve de caminhoneiros, em maio, pode ser pontual, segundo Fernando Gonçalves, gerente da Coordenação de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, a oferta de alguns itens já foi normalizada, fazendo com que os preços que tinham subido voltassem.

As hortaliças, por exemplo, já devolveram em junho o que tinham subido na greve. Os preços recuaram 0,65% no IPCA do mês. “É porque a reposição de hortaliças é mais rápida”, justificou Gonçalves. “Tem produto que aumentou durante a greve mas que já devolveu a alta”, completou.

A alta de 1,26% registrada pelo IPCA em junho foi a mais elevada para o mês desde 1995. O grupo Alimentação e bebidas subiu 2,03%, a maior taxa para o mês desde 2008.

“Foi um impacto pontual em junho. Não temos como saber se vai ter reflexo ainda no próximo mês, temos que aguardar. Alguns itens se recompõem mais rapidamente do que outros”, ponderou.

A greve prejudicou a produção e fornecimento de diversos produtos, como o leite longa vida, que subiu 15,63%. Mas também houve impacto da alta do dólar em relação ao real, ressaltou Gonçalves.

“O pão aumentou, por causa do trigo. O frango teve impacto por causa do milho, da ração dos animais. E alguns produtos na área química, como fertilizantes, e na área de cosméticos e eletrônicos, importados”, lembrou o pesquisador.