Foi na internet que a enfermeira Karla Barros, de 34 anos, procurou – e encontrou – uma solução para a dificuldade de dormir do filho, David, então com 4 meses. Depois de assistir a um curso online, resolveu contratar os serviços a distância da coach Patrícia Tsukada, de 45 anos. Segundo ela, quatro sessões de 30 minutos realizadas por meio de chamadas em vídeo do Facebook foram suficientes para garantir o sono noturno ininterrupto do garoto.

Cerca de um ano e meio depois, Karla procurou novamente a coach, dessa vez para fazer a transição do filho para um quarto próprio.

O caso da enfermeira reflete o crescimento da busca por coach voltado a nichos específicos, como Patrícia, que é especializada em “sono do bebê”, “sono da mãe” e maternidade. “Na minha segunda gestação, decidi que não queria passar novamente pelas noites mal dormidas”, diz ela, que procurou cursos sobre o assunto e, para ficar mais próxima da família, começou a trabalhar como coach a distância, atendendo pela internet.

“Mães lidam com medo, insegurança, necessidade de culpa. Apresento técnicas para ajudá-las a ter sucesso nessa fase, a identificarem e a resolverem suas dificuldades”, diz a coach. “Além de mães, elas também são mulheres. Por meio do lifecoaching, ajudo essa mãe a descobrir o que sempre existiu dentro dela, a ter um tempo para si, mas nunca vou falar o que ela tem de fazer”, diz.

‘Caminhos’

Sem regulação no Brasil, o coaching geralmente engloba sessões individuais ou em grupo focadas na realização de um objetivo específico. A ideia é que ao fim do trabalho, a pessoa atendida tenha obtido algum tipo de resultado. “Assim como um psicólogo, ele pode ajudar uma pessoa a se autodescobrir. A diferença é que a abordagem do coach aumenta a pressão da pessoa atendida, é mais intenso. Por isso, também não é um consultor ou mentor, porque ele não dá um roteiro pronto, ele auxilia a pessoa a encontrar os caminhos”, diz a sócia da Sociedade Brasileira de Coaching, Flora Victoria, fundada em 1999.

Em nota, o Conselho Federal de Psicologia afirma que o coach abrange algumas teorias e métodos não restritos aos psicólogos. A entidade ressaltou, contudo, que há atividades exclusivas às pessoas com formação superior em Psicologia, tais como diagnóstico psicológico, orientação e seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento.

Misticismo

A coach Renata Nanô Sottero, de 37 anos, alia a atividade até ao misticismo ao utilizar o tarô egípcio, tipo de jogo de cartas com base nas casas astrológicas, para orientar seus clientes. “Ao longo da vida passei por processos de coaching. Queria levar essa transformação para outras pessoas. E sempre vi o tarô como um complemento nesse processo”, argumenta.

Uma das suas primeiras clientes foi a designer de joias Andressa Delamuta, de 33 anos, que procurou o serviço após crises de ansiedade. “Busquei o coaching para obter equilíbrio emocional e organizar as minhas metas”, diz ela, que escolheu Renata pelo trabalho místico.

Em geral, o trabalho dura 12 sessões, em três das quais analisa nas cartas se o processo está tomando os rumos certos. “No começo é importante para mapear como estão as energias de cada casa, ter ideia de como o cliente está em cada área da vida. Depois, tem o que chamo de reconexão, que é a fase da definição do objetivo. E, no fim, ele é utilizado para avaliar como esse caminho se desenvolveu”, diz Renata. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.