Sem fazer alarde, um dos maiores fabricantes de telefones celulares da Europa, a Telit Mobile Terminals, está se preparando para desembarcar no Brasil. A empresa chega ao País pelas mãos da conterrânea Magneti Marelli, a divisão de autopeças do Grupo Fiat. No quartel-general da Telit, em Roma, ninguém comenta o caso. Contudo, um executivo da subsidiária local do grupo automotivo não apenas confirma a empreitada como também fornece detalhes: o contrato, assinado no mês passado, prevê a produção de 300 mil aparelhos no primeiro ano. O negócio vai ser tocado por uma nova razão social que será criada, nos próximos dias, pela Magneti Marelli. Com isso, a empresa poderá beneficiar-se das regras do Processo Produtivo Básico (PPB), que garante isenções e reduções de tributos. Só falta definir em qual das seis fábricas que a
Magneti Marelli possui no eixo São Paulo?Minas Gerais os
aparelhos com a tecnologia GSM vão ser produzidos. Fontes do mercado dizem que uma operação deste porte exigirá investimento mínimo de R$ 20 milhões em máquinas e equipamentos, além do montante necessário para a compra de matéria-prima. Apesar da estreita relação, o executivo da Fiat descarta a possibilidade de o grupo associar-se à Telit. ?Vamos ser pagos para produzir os equipamentos. Só isso?, garante.

A chegada do novo player não se dá por obra do acaso.
Ocorre no momento em que o mercado de telefonia volta a atravessar um período de efervescência, por conta da
entrada em cena das novas operadoras; a OI e principalmente
a Telefônica Itália Mobile ? para quem a Telit já fornece
telefones há anos. Em pouco mais de quatro meses estas
operadoras amealharam cerca de um milhão de usuários no Brasil.
A expectativa é que este número se multiplique por cinco até o final de 2003. O sucesso está ligado à postura agressiva das duas empresas; leia-se: preços baixos e pacotes de serviços diferenciados. Além disso, a tecnologia GSM põe nas mãos dos usuários serviços capazes de transformar os aparelhos TDMA e CDMA em peças de museu. E é na combinação de designer e inovação tecnológica que a Telit espera ganhar espaço no Brasil.
Por ser uma empresa de médio porte para os padrões do setor, a fabricante italiana concentra sua força na pesquisa e no desenvolvimento. O desenho dos aparelhos fica a cargo de
estúdios conceituados da Europa, como o Giugiaro Design, criador
do modelo GM8, vendido no Brasil. Apesar de ser uma das mais
novas no segmento, a Telit (que nasceu em 1986 com o nome de Telital) é cobiçada por investidores. Na última semana, o fundo israelense Polar Investments ofereceu US$ 10 milhões para abocanhar um naco da empresa. A oferta está sobre a mesa dos diretores do multibilionário grupo Marconi, que controla a Telit
desde dezembro de 2000, quando pagou US$ 18 milhões para assumir as rédeas do negócio. A Telit chega ao Brasil com
cautela de quem saboreia um prato suculento. A ordem da
matriz é ?comer o mercado? pelas beiradas!