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Telescópio russo é inaugurado no Observatório do Pico dos Dias, em Brazópolis (MG), e é o mais avançado em funcionamento no Brasil  Laboratório Nacional de Astrofísica / Divulgação

O Observatório do Pico dos Dias, em Brazópolis (MG), inaugurou na tarde de hoje (5) o telescópio russo que vinha sendo montado desde o ano passado. O equipamento, de alta tecnologia, será o mais avançado em funcionamento no Brasil. Com 75 centímetros (cm) de abertura, ele terá campo de visão mais abrangente e será capaz de mapear área maior que qualquer outro instalado em solo nacional.

O telescópio será voltado para o monitoramento de lixo espacial e para diagnosticar possíveis colisões com a Terra, com outros detritos espaciais e com satélites. A instalação é resultado de um acordo assinado em abril do ano passado entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) e a Roscosmos, agência espacial russa que se comprometeu com um investimento estimado em R$ 10 milhões. Em contrapartida, o Brasil ofereceria estrutura para operação do equipamento, além de arcar com os custos de energia e internet, entre outros.

A parceria é o desdobramento de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida pela Rússia. Um telescópio similar já opera há alguns anos em território russo. Havia no entanto a necessidade de parceiros do Hemisfério Sul. Outros países, como a África do Sul, também estão em negociação com a Roscosmos. No Brasil, foram encontradas condições favoráveis no Observatório do Pico dos Dias.

A posição geográfica é um dos fatores que contribuiu para a escolha do local. Os telescópios no Brasil e na Rússia estarão em uma posição que possibilitará a captura de imagens complementares. Além disso, a região tem um céu que favorece a observação. O Observatório do Pico dos Dias está situado a cerca de 1,8 mil metros de altitude e é gerenciado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica, vinculado ao MCTI. Ele já tem mais quatro telescópios. Nos próximos dias, os técnicos brasileiros que vão operar o novo equipamento passarão por um treinamento com engenheiros russos.

Vantagens

Com o telescópio instalado, o Brasil poderá se preparar melhor para o lançamento de satélites, uma vez que terá dados mais detalhados dos percursos do lixo espacial. Há inúmeras peças grandes viajando na órbita da Terra e suas trajetórias precisam ser observadas para prevenir um impacto que pode ser destruidor. Atualmente, para colocar em órbita um novo satélite, o Brasil precisa seguir recomendações da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. No entanto, os norte-americanos não fornecem informações detalhadas. Com o novo equipamento, haverá mais elementos para escolher a melhor órbita.

Ainda na fase de testes, o telescópio foi capaz de detectar cerca de 200 detritos espaciais numa única imagem. “Existe uma preocupação em proteger os satélites e, com isso, garantir que serviços não sejam comprometidos. Tudo que utilizamos no dia a dia corre risco de interrupção caso um satélite em órbita seja danificado”, Bruno Castilho, diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica.

As imagens geradas pelo equipamento também vão contribuir com a pesquisa brasileira, favorecendo estudos sobre asteroides, cometas e estrelas. Todos os dados e fotos ficarão disponíveis para a comunidade científica. Os interessados em ter acesso a eles para fins científicos precisarão fazer uma requisição ao Laboratório Nacional de Astrofísica. “Vamos ter acesso a uma grande quantidade de dados sem custos para o país”, acrescenta Castilho.