Ela é a grande protagonista nos salões do Mobile World Congress (MWC) de Barcelona: após anos falando-se sobre ela, a tecnologia 5G tornou-se uma realidade, embora seja aconselhável que o público consumidor espere para para ver seus efeitos.

A quinta geração de tecnologia móvel é uma promessa de rapidez e de melhora do tempo de resposta graças ao uso de ainda mais banda larga e à associação de novas tecnologias que devem permitir um melhor funcionamento da rede.

No entanto, algumas vozes da indústria, como a sueca Ericsson, advertem que este acúmulo de promessas pode gerar grandes expectativas no grande público que não serão cumpridas com a capacidade das primeiras redes.

Segundo um estudo da Ericsson ConsumerLab apresentado no fim de 2018, uma das principais esperanças é que o 5G ofereça uma velocidade de conexão muito superior ao 4G desde suas primeiras implementações.

“Só estamos no começo”, alerta Yannick Sadowy, diretor-geral para meios e telecomunicações na Accenture.

“Promete-se tempo (de conexão) real e muito pouca latência, mas isto só será realidade em 2023 ou 2025”, acrescenta.

“Será uma tecnologia revolucionária mas no longo prazo, vai levar tempo para ver tudo que permitirá fazer com um smartphone, mas nos surpreenderá”, diz Dexter Thilien, analista na Fitch Solutions.

“O risco de decepção existe”, afirma Stéphane Téral, diretor executivo de pesquisa na indústria móvel na IHS Markit. “Isto que apresentamos hoje é uma espécie de 4G++, faz-se muito barulho para pouca coisa no fim das contas”.

Thomas Coudry, analista de telecomunicações para a Bryan, Garnier & Co, concorda: “Quando vemos os serviços existentes hoje em dia, com um bom nível de cobertura 4G, o interesse do 5G não é evidente. E é difícil identificar neste momento os futuros serviços que surgirão com o 5G”.

– Operadoras são prudentes –

A lista de serviços prometidos com o 5G é longa: envios a domicílio com drones, cinema de realidade virtual, robôs conectados e até mesmo a possibilidade de fazer ligações com hologramas.

Mas muitas destas aplicações não são imediatas, considera Stéphane Téral, porque “para tê-las, seria necessária uma rede cuja implementação custaria uma fortuna com um retorno incerto sobre o investimento”.

“Não vimos tantas promessas por parte das operadoras”, aponta Dexter Thillien. “Nos Estados Unidos pode ser que sim, mas na Europa as operadoras parecem ter aprendido com os erros no lançamento do 3G”.

Na época, a promessa de uma internet móvel demorou anos para ser realizada e o celular adaptado, o primeiro iPhone em 2007, só saiu três anos depois do lançamento das redes na Europa.

Esta vez, a implementação será progressiva, explica Mats Granryd, diretor-geral da GSMA, a associação mundial das operadoras que organiza o MWC.

“Só 15% das conexões no mundo serão feitas em 5G em 2025, vai continuar sendo uma tecnologia relativamente limitada”, insiste.

Por enquanto, as redes começam a funcionar e os primeiros telefones compatíveis são muito caros, de modo que as operadoras não têm muitos motivos para impulsar o marketing.

“No curto prazo, o principal interesse do 5G para as operadoras será absorver o crescimento do volume e do tráfego a um custo marginal inferior ao do 4G”, chegando inclusive a custar a metade, conclui Thomas Coudry.

O grande público, portanto, deverá aguardar pacientemente a chegada de novos serviços realmente inovadores.