Os juros encerraram perto da estabilidade, tendo quase zerado, na reta final da sessão regular, a queda mostrada desde a manhã desta segunda-feira, 12. O alívio de prêmios se dava em bases frágeis, sem respaldo no noticiário ou do volume de contratos, e não resistiu à informação, apurada pelo Broadcast, de que está em estudo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para ações contra covid-19 que possa abrir espaço a emendas parlamentares no orçamento. A ideia é vista como mais uma manobra para a acomodar pressões políticas, na medida em que parte do orçamento da saúde ficaria fora do teto de gastos e seria bancado com créditos extraordinários.

Até então, as taxas exibiam baixa moderada, mais acentuada nos vencimentos longos, na contramão das perdas do real, da alta do rendimento dos Treasuries e a despeito da indefinição na questão do Orçamento. A piora das medianas das principais variáveis econômicas na pesquisa Focus também não era empecilho para um alívio, tampouco o conteúdo da conversa do presidente Jair Bolsonaro e do senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), gravada e revelada por este último, que mostra Bolsonaro propondo a ele ingressar com pedido de abertura de impeachment de ministros do STF para segurar a CPI da Pandemia no Senado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 4,72%, de 4,736% na sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 ficou estável em 8,28%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 8,90%, de 8,934% no último ajuste.

Com uma série de fatores jogando contra os vendidos, a queda nas taxas não tinha uma explicação consistente e foi atribuída pelos profissionais da área de renda fixa a um ajuste ao forte avanço da sexta-feira, que decorreu do impasse fiscal e da decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar a instalação da CPI da Pandemia. Para o consultor de Investimentos Renan Sujii, como as taxas subiram muito e não há nada concreto ainda sobre o Orçamento, houve uma trégua no estresse, mas longe de representar uma mudança de tendência. “O fiscal continua pesando. Temos a novela sim fim do Orçamento agora misturada com a CPI da Covid e dados de varejo e serviços ao longo da semana”, afirmou.

A participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de reunião de presidentes de bancos centrais da América Latina, foi apenas monitorada, sem influência nos ativos. Ele defendeu a austeridade e seriedade na gestão da dívida como caminho para evitar uma desorganização maior dos preços e que a combinação de valorização de commodities com depreciação cambial gera uma dinâmica de avanço acelerado da inflação.

Na curva a termo, apesar da sinalização do Banco Central de que vai repetir a alta de 0,75 ponto porcentual da Selic no Copom de maio, a curva segue dando maior probabilidade de uma elevação de 1 ponto, dados os riscos fiscais, escalada da inflação e piora das estimativas. A Focus desta segunda-feira mostrou alta na mediana de IPCA para 2021 de 4,81% para 4,85%, bem acima do centro da meta de 3,75%, e a de 2022 passando de 3,52% para 3,53%, praticamente no centro da meta de inflação do ano que vem, de 3,5%.