A quarta-feira, 12, foi de novo alívio para os juros futuros, que fecharam em queda, com exceção das taxas de curtíssimo prazo, que ficaram de lado. As vendas do varejo mais fracas do que o esperado pela maioria do mercado não foram capazes de alterar as apostas de Selic estável em março, mas, por outro lado, reduziram o prêmio de risco visto na curva para um aperto monetário ainda este ano, reforçando a perspectiva de Selic estável em 4,25% ao longo de 2020. À tarde, o mercado ensaiou uma realização em meio às máximas do dólar, mas, na reta final dos negócios, as taxas voltaram a cair.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 4,225% e 4,220% (regular e estendida), ante 4,235% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 4,851% ontem no ajuste para 4,79% e 4,78% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,03% (regular e estendida), de 6,072%, e a do DI para janeiro de 2027 encerrou a 6,39% (regular) e 6,41% (estendida), de 6,421%.

Um dia depois da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) ter reforçado a mensagem de que o colegiado não pretende reduzir a Selic em março, mas sem descartar por completo a possibilidade de retomar o alívio monetário antes de um eventual aperto, os dados ruins das vendas do varejo sugerem espaço para deixar a Selic parada nos 4,25% por mais tempo. Desse modo, a curva passou a precificar chance menor de alta da taxa básica este ano, apontando Selic de 4,60%, ante 4,70%, segundo o Haitong Banco de Investimento. Para a reunião de março, a precificação aponta apenas 8% de possibilidade de corte para 4,0%.

Segundo o IBGE, as vendas do varejo caíram 0,1% em dezembro ante novembro, na contramão da mediana positiva de 0,20% captada na pesquisa do Projeções Broadcast. No varejo ampliado, a queda de 0,8% em dezembro na margem também veio pior do que a mediana esperada (-0,20%).

Para a gestora de renda fixa da MAG Investimentos, Patricia Pereira, um dado de vendas no varejo não é suficiente para enfraquecer o argumento do Copom, que na ata citou “incertezas sobre o atual grau de ociosidade” da economia. “Não tem como a curva não fechar com um dado ruim de atividade, assim como com dados fracos de inflação, mas o BC deu a entender que tudo o que está no radar requer tempo para decidir o que fazer”, disse.

Por outro lado, é nítido que a economia não tem ganho tração. Desse modo, o movimento de normalização da taxa básica pode se dar num ritmo menor do que, por exemplo, o Focus mostra atualmente, com a taxa 6% em 2021. “Talvez nem precise chegar até 6%”, disse.