Os juros futuros confirmaram no fechamento dos negócios o sinal de alta que prevalecia desde cedo, influenciados nesta quinta-feira, 4, basicamente pelo comportamento do câmbio. As taxas renovaram máximas à tarde, acompanhando a aceleração da moeda americana ante o real que, assim como as demais emergentes e divisas fortes, foi penalizado pelo otimismo com a economia americana combinado a preocupações com a Europa, onde a vacinação contra a Covid está demorando a engrenar. Internamente, o noticiário e agenda esvaziados não conseguiram fazer o contraponto, com o mercado em compasso de espera pelo avanço da pauta de reformas no Congresso após a definição dos presidentes da Câmara e do Senado. A quinta-feira também foi de leilão do Tesouro, no qual a oferta de 5 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), vendida integralmente, voltou a ser destaque.

No fim da sessão regular, as taxas estavam nas máximas. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 projetava 3,37%, de 3,351% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 estava em 4,875%, de 4,791% ontem. O DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,32%, de 6,204%, e o DI para janeiro de 2027 subiu de 6,883% para 6,99%. Na estendida, fecharam, respectivamente, em 3,365%, 4,865%, 6,31%, e 6,99%.

“O dólar hoje atrapalhou. Quanto mais as economias demorarem a voltar, mais o fluxo para mercados emergentes tende a ser afetado, o que, por sua vez, pode exigir aperto monetário mais firme para atrair capital”, disse o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, citando especialmente a vacinação contra Covid em ritmo lento na região do euro. Já nos Estados Unidos, os pedidos do auxílio desemprego melhores do que o previsto, na véspera do payroll, e a expectativa em torno do pacote fiscal fortaleceram o dólar antes as demais moedas. No Brasil, fechou a R$ 5,4493 no segmento à vista, alta de 1,47%.

Enquanto isso, por aqui, os agentes acompanham a movimentação em Brasília para medir a real disposição em torno das reformas e a tributária é a que parece estar na ordem do dia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciou um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para votar a proposta nas duas casas legislativas em um prazo de seis a oito meses. Ambos também agendaram uma conversa com o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda hoje, para discutir a possibilidade de retomada do auxílio emergencial, cobrando uma solução dentro do teto de gastos. Para o presidente do Senado, é preciso instituir um “colchão social com toda a responsabilidade fiscal e fundamentos econômicos”.

Para o Departamento Econômico da Renascença DTVM, “é um tanto óbvio afirmar que os investidores vão acompanhar, muito de perto, se a retórica política alinhada aos anseios do mercado colocada recentemente encontrará respaldo no encaminhamento, na discussão e na aprovação de medidas.”