Os juros futuros exibem viés de baixa no início da sessão desta segunda-feira, 8, em que se espera baixa liquidez por causa do feriado de terça-feira, 9, em São Paulo. O recuo é ligeiramente maior nos contratos longos, que passam por uma correção após encerrarem na sexta-feira com leve alta, diferentemente dos vencimentos curtos e intermediários.

Segundo o economista do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano, a curva de juros precifica nesse início de sessão 20% de chance de corte de 0,50 ponto porcentual e 80% de chance de redução em 0,25 ponto porcentual da Selic na reunião do Copom que ocorre no final do mês.

Minutos depois do início da negociação, as taxas marcaram mínimas. O DI para janeiro de 2021 foi à mínima de 5,64% ante 5,66% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2023 marcou mínima a 6,43% ante 6,48% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2025 registrou mínima a 6,97% ante 7,03% no ajuste de sexta-feira. “O investidor vai ficar de olho em Brasília e na reforma da Previdência. Hoje o movimento nos preços deve ser modesto por causa da baixa liquidez com o feriado”, disse Serrano, acrescentando que o Relatório de Mercado Focus não trouxe mudanças relevantes. Também contribui para a queda das taxas futuras a leve queda do dólar ante o real.

Do exterior, a influência é mista, com dólar subindo perante algumas moedas pares do real, como a lira turca e o won sul-coreano, e perdendo valor em relação a outras divisas, como o peso mexicano e o rublo russo. A alta da moeda americana ante a turca é destaque e acontece após o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, demitir no fim de semana o presidente do banco central local, Murat Cetinkaya, o que reforçou preocupações sobre interferência política no BC.

Os contratos futuros dos índices acionários de Nova York também perdem valor. Globalmente, os investidores irão monitorar o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que discursa na terça-feira e será sabatinado pelo Congresso americano na quarta e na quinta-feira.

Na sexta-feira passada, a curva de juros encerrou a sessão com a ponta curta em queda moderada e um viés de alta nos vencimentos longos. Assim, as taxas curtas e intermediárias continuam indicando o aumento das apostas no corte da Selic na reunião do Copom de julho.

Em entrevista exclusiva na sexta-feira ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou dizer se a precificação de corte na curva estava exagerada. Ele disse a curva é um dos fatores que reflete as condições financeiras. “Nós olhamos marginalmente isto (curva) porque é indicador de liquidez no sistema”, afirmou Campos Neto que, na entrevista, destacou o propósito de estimular um choque de competição no mercado bancário brasileiro para baratear e expandir o acesso ao crédito no Brasil. Uma das medidas será facilitar o uso dos imóveis quitados como garantia de novos empréstimos.

Mais cedo, nesta segunda, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) acelerou o ritmo de elevação para 0,63% em junho, ante um aumento de 0,40% em maio. O resultado do indicador ficou abaixo do piso das projeções do mercado financeiro, que estimavam alta entre 0,65% e 1,06%, com mediana positiva de 0,77%, de acordo com as instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast.

A FGV também divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) acelerou a 0,05% na primeira quadrissemana de julho após registrar queda de 0,02% no fechamento de junho. Na quarta-feira, dia 10, será conhecido o IPCA de junho.

No Focus, os economistas mantiveram a previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – em 2019 e 2020, assim como as projeções para a Selic (a taxa básica de juros) no fim dos mesmos anos.