Os juros futuros abriram com leve alta ao longo de toda a curva nesta quinta-feira, 19. O dólar forte globalmente também apoiou, num primeiro momento, uma pressão nas taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI). No câmbio local, contudo, o dólar futuro abriu em alta mas, logo depois, ficou instável, ao marcar mínimas em queda, o que não chegou a afetar a dinâmica dos juros futuros.

A realização de leilão pelo Tesouro Nacional é fator de pressão nas taxas. Nesta quarta, ainda na metade da sessão quando o dólar ainda caía ante o real, as taxas haviam se descolado da dinâmica positiva de outros ativos domésticos e registravam alta com a antecipação de parte das operações com vistas ao leilão de prefixados desta quinta-feira, assim como com a incerteza sobre fiscal. À noite, um alerta da Fitch engrossou essa incerteza. A agência de classificação de risco alertou que uma não aprovação de reformas fiscais em 2021 colocam pressão negativa sobre rating do Brasil.

Os juros futuros são os que mais refletem a desconfiança do investidor sobre a assertividade do governo Bolsonaro em lidar com o as contas públicas. Nos últimos dias, alguns sinais de articulação política chegaram a animar agentes do mercado. Muitos relataram maior confiança de que a agenda de reformas, enfim, será encaminhada no Congresso.

Entre os sinais, um é a decisão da base do governo de deixar de obstruir a pauta. Outro é a realização de reuniões para tratar de propostas relevantes como a reforma tributária. Ontem, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor da PEC 45, que propõe novo sistema de tributos, afirmou que as novas regras tributárias devem passar na primeira quinzena de dezembro, liderando a fila de reformas. Rossi diz que já “tem 330 votos para aprovar a PEC na Câmara”.

Do noticiário externo hoje, um destaque é o aumento pelo Banco Central da Turquia da taxa básica de juros de 10,25% a 15,0% ao ano. O BC turco alegou que a depreciação da lira turca e o aumento de preços dos alimentos causaram a deterioração das perspectivas de inflação no país.

O economista-chefe do banco de investimentos Haitong, Flávio Serrano, afirma que o aumento já era esperado pelo mercado na Turquia. “O mercado doméstico pode fazer alguma relação com a situação no Brasil visto que o diferencial de juros com o País fica ainda mais intenso. Mas o cenário doméstico continua o mesmo: a alta de alimentos deve ser temporária, enquanto que o hiato aberto deve manter inflação de serviços relativamente baixa”, disse Serrano. No Brasil, acrescentou o economista, o problema continua sendo o fiscal.

Nesta quinta-feira, o DI para janeiro de 2022 abriu a 3,290% ante 3,285% no ajuste de ontem e marcou máxima a 3,320%. O DI para janeiro de 2023 abriu a 4,970% ante 4,950% no ajuste de ontem e marcou máxima a 5,00%. O DI para janeiro de 2025 abriu a 6,800% ante 6,790% no ajuste de ontem e marcou máxima a 6,840%. E o DI para janeiro de 2027 abriu a 7,590% e marcou máxima a 7,640% ante 7,590% no ajuste de quarta-feira.