Os juros futuros de curto e médio prazos fecharam em leve alta e os longos, perto da estabilidade. Na maior parte do dia, oscilaram em baixa, mas na última hora de negócios o sinal perdeu força, em função de operações de zeragens de posições que recompuseram prêmios até os prazos intermediários. Nas mesas de renda fixa, profissionais citaram a tradicional cautela antes do fim de semana e ajustes técnicos, que acabaram aprofundando a trajetória de “desinclinação” que a curva vinha mostrando nos últimos dias desde a definição da eleição no Congresso.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 3,42% (regular) e 3,41% (estendida), de 3,377% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 4,881% para 4,98% (regular) e 4,94% (estendida). O DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,31% (regular) e 6,32% (estendida), de 6,325% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 6,98% (regular) e 6,97% (estendida), de 6,994% ontem.

As declarações do ministro Paulo Guedes, ontem, sobre o auxílio emergencial, defendendo um programa mais “focalizado” e com disparo de cláusulas agradaram, assim como o senso de responsabilidade fiscal demonstrado pelos novos comandantes do Congresso. Mas há receios ainda sobre a solução encontrada para compatibilizar um financiamento que garanta o benefício e, ao mesmo tempo, o cumprimento do teto de gastos. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que o governo e o Congresso vão tentar, até o último minuto, conciliar o teto com a formatação de um programa social que dê assistência às famílias carentes durante a pandemia. “A pandemia não acabou, estamos num ápice trágico”, afirmou.

A equação é complexa. Para o JPMorgan, não há espaço para mais gastos no Orçamento se governo respeitar teto. Relatório assinado pelos economistas Cristiano Souza e Cassiana Fernandez aponta o governo andando sobre um “gelo fino” para sustentar o teto, já que terá que realizar alguns cortes e manter as despesas sob controle ao mesmo tempo em que sofre forte pressão para gastar mais.

Para o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, a despeito dos discursos em prol da pauta liberal do Executivo e Legislativo, “os sinais são ambíguos”. “Quem tem 35 projetos prioritários, não tem nenhum. Ali tem muita coisa para agradar à base”, afirmou, se referindo à lista entregue pelo presidente Jair Bolsonaro na abertura do ano legislativo. Há ainda preocupação sobre o timing para as reformas, dado que 2022 é ano eleitoral. “Agora, é a última chance”, opinou.

Ao contrário de ontem, quando houve forte correlação com o segmento de câmbio, hoje a curva não acompanhou tão de perto o alívio visto no real, até porque os rendimentos dos Treasuries americanos continuaram em ascensão, com o yield da T-Note de dez anos chegando a bater em 1,18% nas máximas, de 1,14% ontem.