A Taurus, fabricante e detentora do monopólio do comércio de armas no Brasil, afirmou à TV Globo que o decreto que facilita o acesso a armamentos assinado pelo presidente Jair Bolsonaro também permite a aquisição do T4, um fuzil semiautomático de calibre 5.56.

E empresa gaúcha afirmou que espera a validação da medida para iniciar as vendas e que mantém uma fila de espera com dois mil clientes. “Estamos preparados para atender em até três dias as demandas.”

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o governo federal negou que o decreto possibilitará o armamento de fuzil por parte da população. Em nota, a Casa Civil disse que a arma “é de uso restrito e, por isso, o cidadão comum não consegue adquiri-la”. “A informação não procede”, declarou, contrariando a Taurus.

Segundo reportagem do Estadão, em 2017, quando já se apresentava como candidato a presidência, Bolsonaro afirmou em uma feira de produtos de segurança que o T4 seria liberado para determinados grupos.

“Se eu chegar lá, você, cidadão de bem, vai ter num primeiro momento isto aqui em casa (e aparece segurando uma pistola). E você, produtor rural, no que depender de mim, vai ter isto aqui também (e aparece segurando um fuzil T4). Cartão de visita para invasor tem que ser cartucho grande mesmo, com excludente de ilicitude, obviamente.”

O presidente assinou o polêmico decreto no dia 7 de maio liberando o uso de armas e munição que até então era restrito a policiais e Forças Armadas. O documento aumentou o limite da energia cinética das armas permitidas para 1.620 joules. Segundo a Taurus, o T4 tem 1.320 joules e é descrito como “ideal para o uso militar e policial.”

O documento ainda listou 19 categorias, incluindo políticos, jornalistas e conselheiros tutelares, que não precisam comprovar a efetiva necessidade para portar armas por presumir que exercerem atividades de risco. A medida foi contestada pelo Ministério Público Federal na Justiça Federal e no Supremo Tribunal Federal (STF).