Os talibãs que atacaram nesta terça-feira um importante complexo da polícia em Gardez, sudeste do Afeganistão, deixando mais de 60 mortos e mais de 230 feridos, usavam uniformes e documentos falsos da polícia afegã, segundo autoridades.

O modus operandi foi utilizado em outros ataques dos talibãs, criando confusão entre as vítimas.

Os agressores entraram no complexo com carros-bomba, cuja explosão pulverizou os edifícios nas redondezas.

Dois ataques simultâneos duraram várias horas e foram reivindicados pelo Talibã, que os justificou como operações de resposta aos recentes ataques americanos.

Todos os cinco agressores foram mortos.

Segundo um comunicado do Ministério do Interior, em Gardez, “os agressores, com vestes cheias de explosivos e armas leves, detonaram um carro-bomba contra o centro de formação adjacente à sede da Polícia e, depois, um grupo de terroristas entrou no complexo”.

As forças especiais e reforços policiais foram para o local do ataque.

Além do centro de treinamento, o complexo de Gardez abriga as forças da Polícia Nacional, da Polícia de Fronteiras e militares.

Os ataques aconteceram poucas horas depois do bombardeio de um drone americano no distrito tribal paquistanês de Kurram, próximo da província de Paktiya, que matou pelo menos 26 integrantes da Haqqani, rede ligada aos talibãs.

A região do sudoeste do Afeganistão é particularmente agitada, com facções dos talibãs, da rede Haqqani e da Al-Qaeda ativas.

Por essa razão, as forças especiais americanas encarregadas da luta contra o terrorismo instalaram uma base militar perto da cidade de Khost e treinam uma milícia afegã conhecida por sua violência.

A organização extremista Haqqani é acusada de ter executado grandes ataques no Afeganistão desde a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2001 e é conhecido por recorrer com frequência a homens-bomba.

O grupo foi apontado como o responsável pelo ataque com caminhão-bomba no centro de Cabul que deixou 150 mortos no mês de maio.

A Haqqani também é acusada pelo assassinato de funcionários do governo afegão e pelo sequestro de ocidentais para pedir resgates, como o canadense Joshua Boyle, sua mulher americana Caitlan Coleman e os três filhos – todos nascidos em cativeiro – que foram resgatados na semana passada, assim como o soldado americano Bowe Bergdahl, libertado em 2014.