A Tailândia defendeu nesta terça-feira (13) a mistura de duas vacinas contra a covid-19 para combater o aumento das infecções, apesar de a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, ter alertado que se trata de “uma tendência perigosa”.

O país está lutando para conter seu último surto, alimentado pela disseminação da variante Delta, altamente contagiosa e que disparou o número de casos de infecções e mortes, assim como por um sistema de saúde enfraquecido.

Para combater o agravamento da pandemia, as autoridades disseram que vão misturar uma primeira dose da Sinovac chinesa com uma segunda dose da AstraZeneca para obter um efeito de “reforço” em seis semanas, em vez de 12.

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O virologista-chefe da Tailândia, Yong Poovorawan, afirmou que seria possível combinar uma vacina de vírus inativo, Sinovac, com uma vacina viral como a da AstraZeneca.

“Não podemos esperar 12 semanas (para um efeito de reforço) neste surto, onde a doença está se espalhando rapidamente”, disse Poovorawan.

“Mas, no futuro, se houver vacinas melhores (…) vamos encontrar um jeito melhor de administrar a situação”, continuou o especialista.

Essas declarações surgem um dia depois de a cientista-chefe da OMS indicar que esta é “uma tendência perigosa”.

“Estamos em uma zona sem dados e sem evidências, quando se trata de ‘misturar e combinar'” vacinas, disse Swaminathan.

A Tailândia registrou mais de 353.700 casos de coronavírus. A maioria deles foi detectada desde a última onda que começou em abril, em um bairro de diversão noturna em Bangcoc.

Os profissionais de saúde foram os primeiros a receber a vacina Sinovac. No domingo, as autoridades disseram que quase 900 profissionais da saúde, a maioria vacinada com o imunizante chinês, contraíram covid-19.

Eles agora também receberão uma injeção de reforço do fármaco da AstraZeneca, ou da Pfizer/BioNTech.

Bangcoc e outras nove províncias estão sob restrições mais rígidas, incluindo toque de recolher noturno e proibição de reuniões de mais de cinco pessoas.

O governo do primeiro-ministro Prayut Chan-O-Cha tem sido duramente criticado por sua forma de lidar com a pandemia, de acusações de má gestão das vacinas à falta de compensação governamental aos setores atingidos pela crise de saúde.

Em reação, seu gabinete aprovou nesta terça um plano de ajuda de 30 bilhões de baht (cerca de US$ 920 milhões) destinado a empresas, incluindo as de vendas no varejo, entretenimento e construção, seriamente afetadas pelas restrições.

Além disso, as contas de serviços públicos essenciais, como água e luz, também serão reduzidas por dois meses, disse o Executivo.