Promessa de campanha do então candidato Jair Bolsonaro, a correção da tabela do Imposto de Renda entrará em 2022 mais uma vez defasada. Cálculos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) mostram que pelo menos 15 milhões de brasileiros deveria ser isentas, mas vão pagar o IR ano que vem.

A defasagem vai gerar um saldo de R$ 149 bilhões aos cofres públicos, dinheiro que poderia ser poupado nas contas dessas pessoas e revertido em gastos com os setores produtivos da economia nacional. Existia a expectativa de que com a reforma do IR, projeto que travou no Senado, o governo revisse os 7 anos sem reajuste nas faixas salarias de tributação e deduções permitidas – o último governo a promover um reajuste foi o de Dilma Rousseff (PT), em 2015.

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Um estudo técnico da Unafisco, elaborado no início do ano, considerou o IPCA acumulado desde 1996, ano em que a tabela deixou de sofrer reajustes anuais, e apontou que seria necessária uma correção de 134,72% na tabela.

A proposta da Unafisco é isentar contribuintes com renda mensal até R$ 4.469,02 – são atualmente isentos trabalhadores com salários até R$ 1.903,98 ao mês, aproximadamente 9,1 milhões de pessoas. Somando os 9 milhões com um universo de 15 milhões que poderiam entrar na faixa de isenção, mais de 24 milhões de pessoas estariam livres do Fisco no ano que vem.

A promessa de Bolsonaro, em 2018, era subir a faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil, mas seu governo vai entrar no último ano de mandato sem cumprir a promessa.

Na prática, quem ganha menos dinheiro no Brasil vai pagar mais imposto do que quem ganha mais. Sem contar com o cenário de inflação alta e juros elevados, que penalizam o poder de compra dos mais pobres – justamente a faixa da sociedade que o governo demonstra alguma preocupação, ao remodelar o Bolsa Família, agora Auxílio Brasil.

Sem a reforma e sem o interesse econômico do governo Bolsonaro, que precisou abrir os cofres para abarcar os interesses do Congresso e para subsidiar os programas de renda neste ano, o reajuste da tabela do Imposto de Renda ficou para depois.