As gigantes do setor de celulose Suzano e Fibria avançaram nas conversas para combinarem suas atividades ao longo das últimas semanas, mas o preço da transação ainda é um empecilho, o que torna a operação desafiadora, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. No formato do negócio, a Suzano seria a controladora da nova companhia, fruto da fusão, mas não há acordo sobre o valor que a companhia pagaria aos acionistas da Fibria.

No modelo da transação que está na mesa, haveria troca de ações e pagamento em dinheiro. A Suzano deseja que o grupo Votorantim, que possui 29,42% da Fibria, receba pela sua fatia uma parte de ações, que poderão ser vendidas no futuro. “As tratativas estão quentes, mas ainda distantes”, disse uma fonte, na condição de anonimato.

A fusão entre Suzano e Fibria já foi discutida no passado, mas ganhou força depois da compra da Eldorado pela Paper Excellence, no ano passado, além dos boatos do interesse da PE na Fibria. No momento, as conversas foram aceleradas por conta do receio de que a Fibria receba proposta de aquisição mais atrativa.

Procurada, a Fibria reafirmou o que já havia declarado em fevereiro, quando surgiram as primeiras notícias sobre a retomada das negociações. A empresa diz ter consultado seus acionistas controladores, Votorantim e BNDES Participações (BNDESPar), que confirmaram ter sido procurados por representantes da Suzano com o objetivo de discutir alternativas estratégicas.

Modo consolidação. Nesta semana, a equipe de analistas do JPMorgan lembrou que embora existam diversos obstáculos para que as empresas encontrem os termos ideais de um acordo, uma resolução deve ser anunciada o mais breve possível, considerando que o acordo de acionistas (BNDES/Votorantim) expira em 19 de outubro.

A indústria entrou no ‘modo consolidação’, na avaliação do Bradesco BBI. “Os asiáticos estão claramente de olho na América do Sul como sua próxima fronteira para o crescimento do mercado de celulose, almejando garantir estoque para suas respectivas estratégias de crescimento no segmento de papel”, afirmou o banco em relatório esta semana.

Entre os principais obstáculos ao negócio, o Bradesco BBI destaca a discussão sobre avaliação referentes aos ativos de papel da Suzano; valuation relativo entre os ativos de celulose, particularmente considerando que a Fibria talvez tenha opções de crescimento mais claras e mais valiosas pela frente; assuntos relacionados a estrutura de controle e governança corporativa e potenciais direitos de tag along para os acionistas minoritários da Fibria.