Pequim intensificou os esforços nesta segunda-feira (15) para tentar conter um novo surto de COVID-19 em alguns bairros da cidade, onde foram registrados 79 novos casos vinculados a um mercado, o que obrigou o governo a decretar novos confinamentos em áreas residenciais e organizar testes adicionais.

O novo coronavírus parecia quase erradicado na China, onde foi detectado no fim de dezembro de 2019 em Wuhan (região central). Mas um novo foco foi detectado na semana passada na capital.

Por este motivo, as autoridades determinaram a retomada dos controles de temperatura que haviam sido suspensos nas entradas das áreas residenciais e nos prédios comerciais. Além disso, edifícios culturais e esportivos serão novamente fechados.

Nesta segunda-feira, o ministério da Saúde registrou 49 novos casos no país, incluindo 36 vinculados ao mercado atacadista de Xinfadi, na zona sul de Pequim, o que alimenta os temores de uma segunda onda epidêmica. Este mercado abastece grande parte da capital.

Um alto funcionário do bairro de Haidian informou sobre a detecção de pessoas infectadas em Yuquandong, outro mercado atacadista da capital. O local era vigiado nesta segunda-feira por policiais.

As autoridades decretaram o fechamento dos pontos de venda e das escolas próximas. Também ordenaram o confinamento em 10 zonas residenciais das proximidades: os habitantes estão proibidos de sair de casa.

Os moradores, no entanto, podem receber pacotes de entregadores nas portas de acesso.

Entre as pessoas que tiveram contato próximo com infectados vinculados ao mercado de Yuquandong, algumas foram automaticamente colocadas sob quarentena. Outras terão que carregar “termômetros inteligentes” de maneira permanente para controlar sua temperatura à distância.

O conceito de “zona residencial” na China engloba espaços com vários edifícios cercados por grades ou muros, onde, de modo geral, é possível ter acesso por uma ou duas entradas, o que facilita aplicar as medidas de confinamento.

Onze bairros residenciais, que têm milhares de habitantes, próximos ao mercado de Xinfadi, já estavam sob confinamento.

O acesso será vetado aos não residentes, informou um alto funcionário do município.

Nos últimos dias, Pequim iniciou uma grande campanha de detecção de coronavírus. A estratégia envolve as pessoas que trabalham nos dois mercados mencionados, aquelas que vivem perto dos estabelecimentos ou que visitaram recentemente os locais.

Um correspondente da AFP observou nesta segunda-feira uma fila com dezenas de pessoas diante de um estádio esportivo: elas aguardavam um teste organizado por profissionais de saúde com trajes de proteção.

Quase 200 postos de detecção foram instalados na capital.

Várias cidades advertiram os moradores a não viajar a Pequim.

Empresas e autoridades públicas começaram a enviar mensagens aos funcionários e moradores para que informem se visitaram o mercado de Xinfadi.

– Autoridades demitidas –

Também foram anunciadas as primeiras sanções políticas. A prefeitura de Pequim demitiu dois altos funcionários do bairro de Fengtai, onde fica Xinfadi, assim como o diretor do mercado.

Uma certa escassez de produtos foi observada na cidade. No supermercado Xianhui (centro de Pequim), algumas prateleiras de frutas estavam vazias nesta segunda-feira. Os funcionários explicaram que foram retiradas porque procediam de Xinfadi.

A China tem atualmente 177 pessoas com COVID-19, duas em estado grave. Este é o nível mais elevado desde o início de maio. Nenhuma morte foi registrada em um mês.