Vários grupos varejistas, entre eles o francês Carrefour, se comprometeram a retirar produtos à base de carne suspeitos de estarem vinculados com o desmatamento no Brasil, anunciou nesta quinta-feira (15) a ONG americana Mighty Earth.

As decisões foram tomadas após a publicação de uma investigação conduzida pela ONG brasileira “Repórter Brasil”, fundada por jornalistas, em colaboração com a Mighty Earth.

Na investigação, a Repórter Brasil acusa JBS, Marfrig e Minerva, três grandes empresas brasileiras do setor da carne, de contribuírem com o desmatamento em algumas regiões do país.

De acordo com a ONG, alguns produtos obtidos graças ao desmatamento estão em supermercados europeus em forma de charque, ‘corned beef’ (um tipo de carne em conserva) ou carne fresca.

“O fato de a Mighty Earth compartilhar os resultados da investigação antes da publicação com as empresas diretamente implicadas deu lugar às declarações de hoje” dos distribuidores, anunciou a organização americana em um comunicado.

Concretamente, após a denúncia da Mighty Earth, o grupo francês Carrefour retirou de suas lojas na Bélgica uma referência da marca Jack Link’s, que produz parte de seu charque no Brasil com a JBS.

“Estamos estudando a origem dos produtos que teríamos em outros países – se os encontrarmos – para tomar uma decisão similar se for o caso”, confirmou à AFP Agathe Grossmith, diretora de projetos de responsabilidade social corporativa da Carrefour.

Auchan, por sua vez, disse à AFP que tinha iniciado um procedimento para retirar um produto da Jack Link na França e que estava investigando sua origem. O grupo também disse que não compra carne bovina brasileira para suas marcas.

Seugndo a Mighty Earth, a rede de supermercados belga Delhaize também se comprometeu a “retirar todos os produtos da Jack Link de suas prateleiras”.

A ONG também destaca as iniciativas de outras redes de supermercado, como Lidl e Albert Heijn, na Holanda, e Sainsbury’s e Princes, no Reino Unido, para evitar a venda de carne bovina brasileira, cujos produtores estejam supostamente vinculados ao desmatamento.

“Estas medidas comerciais, juntamente com a nova legislação da UE para combater o desmatamento importado, demonstram que o cerco está se fechando para os destruidores de florestas”, disse Nico Muzi, diretor da Mighty Earth Europe, no comunicado.