Nesta segunda-feira ( 7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um Alerta de Risco sobre um superfungo chamado de Candida auris – Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA. A agência foi notificada sobre o possível primeiro caso positivo presente em um adulto internado em UTI, em um hospital do estado da Bahia.

O fungo foi identificado após análise pela técnica de “MALDI-TOF” pelo Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz – Lacen/BA e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP. Estão sendo realizadas as análises fenotípicas para verificar o perfil de sensibilidade do microrganismo.

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O Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (Lemi–Unifesp) realizará o sequenciamento genético do microrganismo.

Acompanhamento

Segundo a Anvisa, para acompanhar o caso e prevenir a disseminação de C. auris no país, foi organizada uma força-tarefa nacional composta por representantes da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde – Suvisa Bahia, da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar (CECIH Bahia), do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde – Cievs (Nacional, Bahia e Salvador), da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, além de representantes do Ministério da Saúde (CGLAB/SVS, Cievs nacional), do Lacen-BA, de laboratórios da rede nacional para identificação de C. auris e da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES) da Anvisa.

A Anvisa trabalha na revisão do Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, para contemplar a nova situação epidemiológica do país, a inclusão de outros laboratórios como referência para uma “rede nacional” e as novas evidências científicas disponíveis.

A agência recomenda que “os serviços de saúde e laboratórios de microbiologia estejam alertas às orientações previstas nesses documentos, para que ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo sejam adotadas de forma oportuna e segura”.

Onde surgiu?

O chamado Candida auris (C. auris), que representa uma ameaça à saúde global, foi identificado pela primeira vez como causador de doença em humanos em 2009, no Japão. Algumas cepas de C. auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas) e sua identificação requer métodos laboratoriais específicos, uma vez que C. auris pode ser facilmente confundida com outras espécies de leveduras, como Candida haemulonii e Saccharomyces cerevisiae, diz a Anvisa.

Superfungo atingiu a América Latina em 2016

Houve um alerta epidemiológico de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) em outubro de 2016. A Anvisa coordenou a formação de uma rede nacional de laboratórios para dar suporte aos serviços de saúde do país na identificação de C. auris. Naquela ocasião, a Agência publicou o Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, contendo orientações para a vigilância laboratorial, encaminhamento de isolados para laboratórios de referência e medidas de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras) pela C. auris. Desde 2017, os laboratórios vêm analisando amostras suspeitas que são encaminhadas pelos estados.