Nesta quarta-feira (16) o mercado se prepara para um dia de anúncios importantes sobre o aumento dos juros aqui no Brasil, com o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central apontando um possível aumento na Selic, e nos Estados Unidos, com o Federal Reserve (Fed) efetivando o tão anunciado aumento nos juros da principal economia do mundo.

O pano de fundo dessas altas é a inflação: no Brasil ela superou os dois dígitos ainda no segundo semestre de 2021 (atualmente em 10,54% no acumulado de 12 meses até fevereiro), enquanto nos Estados Unidos o acumulado do mesmo período bateu 7,9%, maior desde janeiro de 1982.

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A expectativa no mercado doméstico é de que o Copom siga uma política de ajustes contracionistas para reverter a curva inflacionária, que neste momento não dá sinais de arrefecimento. A decisão será anunciada após o fechamento do mercado, por volta das 18h, e deve mostrar uma alta entre 1 ponto percentual (pp) e 1,25pp (mais agressiva) na taxa básica de juros, ficando entre 11,75% e 12% ao ano.

“Para conferir a credibilidade necessária à meta de 2023, o Banco Central terá de entregar uma taxa de juros real igual ou maior àquele implícita em nossas projeções anteriores. Como, no momento, as expectativas se elevaram 25pts desde a última reunião, estamos ajustando nossa Selic terminal na mesma proporção. Em resumo, o fato do Copom ter corrigido a política monetária tempestivamente no passado, deve possibilitar com que ele possa agir de maneira gradualista frente ao choques em andamento”, aponta a Análise Econômica da Terra Investimentos, que projeta uma alta de 1,25pp na Selic para controlar a inflação.

Nos Estados Unidos, o mercado já está precificando essa alta desde a virada do ano, quando o Fed sinalizou que teria de promover esses ajustes para evitar uma ruptura na retomada econômica do pós pandemia. Os especialistas acreditam que esse aperto monetário será de 0,25 ponto percentual – o primeiro ajuste desde 2018 – e pesam no radar a inflação interna e os desdobramentos da guerra na Ucrânia, que contam com os EUA como um ponto de conflito ativo contra a Rússia.

O anúncio do Fed será feito no meio da tarde, às 15h.

Bolsas em alta no mundo

Diferentemente do que seria o padrão em dias de anúncio de uma política mais contracionista, os mercados estão operando em alta na manhã desta quarta-feira (16). Com um cenário bem desenhado sobre como poderá ser este ajuste nos juros norte-americanos, os índices asiáticos fecharam o dia com surpresas.

O Hang Seng, de Hong Kong, avançou 9,08%, seguido pelo Nikkei (Tóquio) em alta de 1,64% e o SSEC, de Xangai, subindo 3,48%.

Os índices futuros de Nova York operam em alta, com Dow Jones e S&P 500 próximos de 1% e o Nasdaq Futuro acima de 1,50%.

As Bolsas da Europa também operam em alta, com os principais índices da Alemanha, França e Itália acima dos 2%.