A grande maioria dos eleitores suíços rejeitou em referendo, neste domingo (27), reduzir drasticamente a migração procedente da União Europeia (UE), o que colocaria em risco suas relações com o bloco, segundo as primeiras projeções.

Cerca de 63 % dos eleitores suíços votaram “não” à iniciativa lançada pelo primeiro partido do país, a União Democrática do Centro (UDC), de encerrar o Acordo da Livre Circulação de Pessoas (ALCP) assinado em 1999 com a UE, segundo pesquisas feitas após o fechamento da votação.

O conjunto das demais forças políticas, assim como os meios econômicos, se opuseram a essa iniciativa.

A UDC, um partido de direita populista, alegava com esta iniciativa que o país alpino “sofre uma imigração descontrolada e excessiva” que ameaça “os postos de trabalho”.

Para que sua proposta fosse adotada, precisava não apenas da maioria dos votos, mas também da maioria dos 26 cantões suíços.

Os outros partidos e os meios econômicos são claramente favoráveis às fronteiras abertas com uma UE que é o maior parceiro comercial da Suíça. Assim como ocorre com as regiões fronteiriças, muitos dependem da mão de obra de países vizinhos da UE.

A grande maioria dos eleitores suíços, chamados para votar várias vezes ao ano em diferentes referendos, já haviam votado por correspondência, embora os postos de votação estivessem abertos neste domingo entre 10h00 e 12h00 (05h00 e 10h00 de Brasília).

As pesquisas já previam que uma ampla maioria dos eleitores rejeitaria a iniciativa.

No entanto, o breve triunfo do “sim” no referendo de 2014 sobre cotas de imigrantes -impulsionado pela própria UDC- gerou cautela.

– Cláusula da guilhotina –

O governo suíço havia alertado que devido à chamada “cláusula da guilhotina”, uma denúncia unilateral da ALCP conduziria, ao longo de seis meses, à ruptura automática de outros seis acordos bilaterais (sobre contratação pública, agricultura e transporte terrestre) e também correria o risco de questionar outros tratados concluídos com a UE.

A UDC, partido claramente anti-europeu e cujos cartazes com ar xenófobo geram polêmica, realizou sua campanha com o slogan “Trop, c’est trop” (muito é muito).

Antes deste referendo, em Bruxelas, Dana Spinant, porta-voz da Comissão Europeia, não quis comentar sobre o voto, mas lembrou que a UE tem a intenção de aprovar o acordo marco com a Suíça “o mais rápido possível, uma vez que se esclareçam os pontos” levantados por Berna sobre a proteção salarial e as ajudas estatais.