Os sudaneses começaram a votar neste domingo, em meio a irregularidades e erros, na primeira eleição multipartidária em 24 anos e que, segundo os prognósticos, vão manter o presidente Omar al Bashir no poder.

Os ex-rebeldes sudaneses do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM) denunciaram um dia “perdido”, que teve atraso na abertura das seções eleitorais, erros nas listas de eleitores e até desaparecimento de votos.

O SPLM já pediu a prorrogação da eleição, que está prevista para terminar na próxima terça-feira.

A comissão eleitoral admitiu alguns “erros” logísticos nesta primeira jornada, mas garantiu que a eleição evolui “bem”.

As seções eleitorais abriram às 08H00 local (02H00 Brasília) em Cartum e em Juba, capital do Sudão Sul, mas houve atrasos em vários locais de votação, constatou a AFP.

Em algumas seções eleitorais em Cartum, funcionários ainda desembrulhavam o material de votação, enquanto se formavam longas filas.

O Sudão possui 16 milhões de eleitores, num país com superfície cinco vezes a da França e algumas regiões completamente isoladas.

O gigante africano de 40 milhões de habitantes realiza suas primeiras eleições desde 1986 e do golpe de Estado militar de 1989 liderado por Omar al-Béchir e apoiado por islamitas.

O pleito, no entanto, está sendo boicotado por grande parte da oposição, incluindo o Partido Umma, do ex-primeiro-ministro Sadek al-Mahdi, que denuncia irregularidades, e – parcialmente – por ex-rebeldes do SPLM cujo candidato e principal oponente a Bachir, Yasser Arman, retirou-se da disputa.

Aos 66 anos, Bachir conta com estas eleições para conseguir legitimidade internacional, um ano após o mandato de detenção expedido contra ele pela Corte Penal Internacional (CPI) por crimes de guerra e crimes contra a humanidade por sua atuação em Darfur, região do oeste do país presa de uma guerra civil.

Observadores temem que a votação – e mais precisamente o anúncio dos primeiros resultados – sirvam de pretexto a violências num país mais habituado à guerra do que à paz desde sua independência, em 1956.

Apesar da certeza sobre a reeleição de Bachir, as eleições legislativas e de governadores podem causar surpresa em alguns estados, e não se descartam confrontos nas regiões do Sudão Sul ou nas zonas de fronteira entre o Norte, muçulmano, e o Sul, cristão.

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