Escola de desenvolvedores de softwares lançada em agosto de 2019, a Trybe aposta no Modelo de Sucesso Compartilhado, em que o aluno só paga a mensalidade do curso quando começar um trabalho com salário de, no mínimo, R$ 3,5 mil. Assim, se o estudante tiver sucesso, a empresa também tem. E vice-versa. “Aceitamos o risco junto a eles”, afirma o CEO da companhia, Matheus Goyas.

Esse tipo de negócio já funciona nos Estados Unidos. Por aqui, o atrativo é grande. Para as 100 vagas abertas pela Trybe neste início de ano, foram 4.800 inscrições. Obviamente, houve processo seletivo para aprovação.
Essa procura tem um indicador importante. A Trybe está no meio de duas pontas antagônicas do atual cenário econômico nacional: de um lado, 13 milhões de brasileiros desempregados; do outro, falta mão de obra qualificada no mercado de Tecnologia da Informação. Apesar disso, Matheus Goyas, CEO da companhia, afirma que o diferencial é a “qualidade do ensino”.

A empresa acaba de receber aporte de R$ 42 milhões do fundo Atlântico (Canary e Global Founders Capital). “Vamos expandir conforme tenhamos segurança que nossa qualidade está melhorando”, diz o executivo, que montou a empresa com Claudio Lensing, João Duarte, Marcos Moura e Rafael Torres. A projeção é de, ainda neste ano, abrir mais nove turmas e chegar a 600 estudantes. Até 2021, a startup visa alcançar a marca de 3 mil alunos. A Trybe já tem hubs em Belo Horizonte, São Paulo, Itajubá e Florianópolis, e atende sem posto em 12 municípios.

A grande pergunta que fica é: se o aluno não for empregado com o salário sugerido, como fecha a conta? Não tem mágica. São três tipos de planos para os cursos que têm duração de um ano. A primeira possibilidade é o plano de R$ 24 mil, que tem de ser pago em 12 meses. A segunda, pagamento à vista de R$ 20 mil. Ou, o Modelo de Sucesso Compartilhado, em que o aluno só paga a mensalidade quando conseguir emprego com salário acima de R$ 3,5 mil.

Quando conseguir um trabalho, fará pagamentos mensais de 17% da sua remuneração. Se perder o emprego, o pagamento da mensalidade é suspenso. E a quitação do curso ocorre de duas formas: quando o aluno pagou um total de R$ 36 mil ou fizer cinco anos desde que completou sua formação na Trybe, mesmo se não tiver pagado nada ou apenas uma parte do curso. “A ideia é trabalhar ativamente desde o início para preparar e conectar os estudantes com nossas empresas parceiras”, explica Goyas, que antes de lançar a Trybe esteve à frente do AppProva, plataforma de questões e simulados gratuitos para o Enem – a startup foi adquirido em 2017 pela Somos Educação.

(Nota publicada na edição 1163 da Revista Dinheiro)