“Esses senhores precisam te levar porque você está preso por questões de subversão.” Foi assim que Heirinch Plagge, então supervisor de qualidade da Volkswagen do Brasil, ouviu do chefe dele, na fábrica da montadora, no ABC paulista, que estava sendo levado a prestar queixas no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em meados de 1972. Plagge, ou Conrado, como era conhecido entre os companheiros, integrava a célula do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que funcionou clandestinamente na fábrica de 1964 até 1972.

A prisão de Plagge, assim como de outros funcionários, foi facilitada pela companhia alemã a partir de informações levantadas pelo departamento de Segurança Industrial, que autuou para espionar e entregar ao regime trabalhadores suspeitos de práticas subversivas durante a ditadura militar, de 1964 a 1985.

A prática foi admitida pela companhia no final do ano passado, após a conclusão do relatório independente feito pelo historiador alemão Christopher Kopper constatando a responsabilidade da montadora na prisão de ao menos seis trabalhadores. Em evento em dezembro, a empresa lamentou pelos episódios, inaugurou uma placa de reconhecimento às vítimas da ditadura em sua fábrica, além de anunciar uma colaboração para grupos de direitos humanos. A montadora foi a primeira grande empresa admitir o envolvimento com o regime militar.

Nos vídeos abaixo, Plagge e outros dois ex-funcionários contam como experimentaram perseguição e tortura como fruto dessa colaboração. Conheça também a história dos ferramenteiros Lúcio Bellentenai, preso em 1972 no grupo de Plagge, e de Claudecir Mulinari, demitido em 1980, após ser detido na fábrica com materiais ligados ao pensamento de esquerda.

Entrevista com Henriche Plagge


Entrevista com Claudecir Mulinari

Entrevista com Lúcio Bellentani