Os streamings já estão presentes em muitos domicílios brasileiros. De acordo com pesquisa da plataforma Roku, 75% dos brasileiros entrevistados consomem nessas plataformas todos os dias. 

Apesar de as atividades preferidas ainda serem assistir filmes (84%) ou séries (82%) muitas empresas de educação já estão de olho nesse mercado, oferecendo um grande catálogo de cursos por uma mensalidade fixa. 

+Valores a receber do BC: Herdeiros podem resgatar dinheiro; veja como

É o caso da Kope (Knowledge From People – conhecimento para as pessoas, em português). O sócio-diretor da empresa, Rafael Valim, é advogado e jurista e sempre esteve envolvido com o meio acadêmico. A plataforma oferece cursos em várias áreas das ciências humanas como história, direito, ciência política, economia e até música, com professores como Silvio Almeida e Luiza Trajano. O plano anual da plataforma, com cursos certificados, é de R$ 35 por mês.    

“Um diferencial nosso é cobrar um valor muito acessível e oferecer o que há de melhor na intelectualidade, não é aquilo de pagar barato e não ter entrega nenhuma. Temos um plano ambicioso de verticalização de oferecer não só esses cursos de formação gerais, mas outros como pré-vestibular e até mesmo ensino superior”, explicou.  

Formação continuada como tendência

Outra instituição educacional que investiu nesse modelo de negócio foi a Saint Paul. Escola consagrada nos ramos financeiros, administração e tecnologia, criou a Lit, plataforma de educação virtual, e está oferecendo sua gama completa de cursos à distância, também com certificados, por R$99 por mês. 

A CRO da escola, Camila Securato, reforçou que mais de 150 mil alunos já passaram pela plataforma desde fevereiro de 2018. Ela é focada na chamada aprendizagem de longa duração, onde os profissionais procuram cada vez mais se especializar na sua área de atuação. 

“Nossa metodologia, o Onlearning, usa inteligência artificial para potencializar a aprendizagem dos alunos para que eles aprendam melhor, mais rápido e de uma forma democrática. Temos um portfólio completo de programas que preparam profissionais para todos os momentos de sua carreira, baseada nos pilares de lifelong learning”, contou. 

Disputa de tempo com as plataformas de entretenimento

A tendência do crescimento da educação à distância no país é observada desde antes da pandemia. 

Segundo o Censo da Educação Superior de 2019 do Ministério da Educação (MEC), 50,7% dos alunos que ingressaram no Ensino Superior privado em 2019 haviam optado por cursos à distância.     

Para Valim, a discussão do ensino presencial ou à distância não deve ser feita de maneira maniqueísta e que a modalidade não-presencial pode ser útil para uma maior massificação da educação.  

“Não dá para ter aula para 30 alunos eternamente, a ideia é ter pessoas de lugares mais distantes que possam ter a possibilidade de aprender com o que há de mais sofisticado. O que procuramos é não menosprezar o nosso público e acreditar na possibilidade dessas pessoas aprenderem. Acredito que as vantagens dessa modalidade superam as dificuldades”, disse. 

Com a facilidade de plataformas de educação na casa dos brasileiros, uma pergunta que fica é: será possível competir com o entretenimento oferecido pela maioria das plataformas de streaming? Camila acredita que essa resposta não é tão simples e que passa pela escolha do estudante.   

“As plataformas de educação competem pelo ‘share of time’ das pessoas. Por exemplo, se você tem quatro horas livres em um dia de semana e escolhe aprender no Lit por duas horas, vai deixar de assistir, ou assistir menos Netflix. Mas ela não compete no sentido de objetivo e, se a pessoa estiver procurando descansar e relaxar, a plataforma de streaming de entretenimento será a escolha mais natural, pois para o processo de aprendizagem é necessário usar mais energia e concentração”, encerrou.