SÃO PAULO (Reuters) – A produção de açúcar no centro-sul do Brasil deve alcançar 35,7 milhões de toneladas na safra 2021/22, estimou nesta quinta-feira a consultoria StoneX ao reduzir sua projeção ante os 36,1 milhões do levantamento anterior, passando a ver um recuo anual de 7,1% no volume.

A consultoria ainda baixou em 700 milhões de litros a estimativa para a fabricação de etanol de cana, ante a análise divulgada em março, e agora estima um total em 25,1 bilhões de litros. Em relação à temporada anterior, a queda é de 9,9%.

No total, considerando o biocombustível de cana e de milho, a produção deve atingir 28,5 bilhões de litros, 6,1% inferior que a de 2020/21.

A menor produção de açúcar ocorre em momento em que o principal polo produtor de cana do Brasil deve reduzir o processamento de matéria-prima.

Segundo a StoneX, a moagem de cana deve ficar em 568,1 milhões de toneladas, 6,2% abaixo da safra passada, afetada pela falta de chuvas nas regiões produtoras e pela maior rentabilidade do cultivo de grãos, especialmente soja e milho, que colaborou para a perda de área plantada com a cana na região, afirmou a consultoria na análise.

No início deste mês, a StoneX chegou a prever um intervalo entre 567,2 milhões e 578,1 milhões de toneladas para a moagem de cana na safra 2021/22, considerando três possíveis cenários. No entanto, a expectativa indicava que o mais provável era um processamento em torno de 570,2 milhões, que representava o segundo cenário.

Mas no acumulado entre outubro/20 e abril/21, as precipitações alcançaram 446,1 milímetros no centro-sul, retração de 31,1% ante a normalidade, disse a consultoria.

“Em termos de perspectivas, os modelos climáticos apontam para a manutenção da seca em importantes áreas produtoras do cinturão canavieiro ao longo do próximo trimestre (junho-agosto)”, estimou.

“Consequentemente, a menor umidade evidencia que os canaviais a serem colhidos em 2021/22 devem observar firme perda de produtividade.”

Por outro lado, a chuva mais escassa melhora a concentração de açúcares na cana medida pelo ATR, e gerou elevação de 1,41 quilo por tonelada ante a projeção de março, mas a nova média de 141,1 quilos de ATR por tonelada esperada para a safra ainda fica 2,5% abaixo do ciclo anterior.

Quanto ao mix de produção, o volume de matéria-prima projetado para ser destinado ao açúcar aumentou de 46,3% para 46,8%, acima dos 46,1% vistos na safra passada.

SALDO GLOBAL

Apesar das adversidades para a oferta de açúcar no Brasil, a próxima temporada internacional (de outubro de 2021 a setembro de 2022) tende a ser marcada por superávit do adoçante, em meio à recuperação da produção em importantes players, sobretudo na Tailândia, União Europeia e Reino Unido, além da continuidade do avanço da fabricação na Índia.

“Com isso, estimamos que a produção da commodity em 2021/22 alcance 190,1 milhões de toneladas, crescimento de 3,9% no comparativo com o estimado para a safra anterior”, projetou a StoneX.

Na ponta da demanda, a consultoria pontuou que o avanço ainda depende do andamento da vacinação contra a Covid-19, embora esteja estimado em alta de 0,9%, para 188,4 milhões de toneladas.

Com isso, o saldo global deve ser de superávit de 1,7 milhão de toneladas, saindo do déficit de 3,7 milhões estimado para 2020/21.

(Nayara Figueiredo)

tagreuters.com2021binary_LYNXNPEH4Q1AH-BASEIMAGE