Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A safra de soja do Brasil em 2021/2022 foi estimada nesta quarta-feira em 121,17 milhões de toneladas, o que representa um novo corte na projeção em meio aos efeitos da seca que atinge algumas regiões produtoras do Sul, de acordo com levantamento da consultoria StoneX.

Na comparação com a previsão de fevereiro, a StoneX rebaixou a produção em 4,2%, o que também resultou em acentuadas revisões para baixo, de mais de 6%, nas previsões de exportação do grão no maior produtor e exportador global de soja.

Neste levantamento, a produção do Rio Grande do Sul foi rebaixada para 8,9 milhões de toneladas, 60% a menos que o alcançado no ciclo 2020/21. Minas Gerais também teve uma perda de potencial produtivo nesta revisão.

“Nem mesmo os ajustes positivos, em Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Estados do Nordeste e do Norte conseguiram compensar significativamente as fortes perdas esperadas”, disse a especialista de Inteligência de Mercado do grupo, Ana Luiza Lodi, em nota.

A StoneX ainda reduziu o número de exportações 2021/22 do país, que passou de 80 milhões para 75 milhões de toneladas (redução de 6,25%), e o consumo doméstico foi ajustado para 47,8 milhões de toneladas, versus 48,2 milhões de toneladas na previsão de fevereiro.

Diante da quebra de safra, as exportações do grão têm sido mais penalizadas do que o processamento, enquanto a China tem buscado mais soja nos Estados Unidos, em plena colheita no Brasil, disseram fontes com conhecimento dos negócios à Reuters.

De outro lado, as expectativas de processamento de soja no Brasil neste ano estão mais firmes, diante de boas margens de esmagamento e forte demanda externa para o óleo de soja, disseram a associação Abiove e analistas à Reuters.

As perspectivas apontam ainda para um balanço de oferta e demanda “restrito”, com os estoques finais estimados em 2,3 milhões de toneladas, disse a StoneX.

MILHO

Pelo quarto mês consecutivo, a StoneX reduziu sua estimativa de produção para a primeira safra 2021/22 de milho, para 25 milhões de toneladas, um corte de 1,1%, ou 286 mil toneladas, em comparação com o relatório anterior.

A redução no número refletiu também a menor expectativa para a safra de verão no Rio Grande do Sul.

“A irregularidade climática ao longo do último mês prejudicou significativamente a produtividade em regiões de desenvolvimento mais tardio do Estado”, disse o analista de inteligência de mercado do grupo, João Pedro Lopes.

Em relação à segunda safra de milho 2021/22 do Brasil, o número da StoneX foi levemente elevado, em 263 mil toneladas em comparação com a última divulgação, para acomodar as perspectivas mais positivas para a produção no Norte/Nordeste.

“O bom ritmo de colheita da soja e de plantio do milho safrinha seguem dando suporte à expectativa de produção recorde (de milho) no país”, disse.

“Por outro lado, será preciso acompanhar de perto as condições climáticas nos próximos meses, visto que um quadro de déficit hídrico poderia resultar em uma produção significativamente inferior à estimada atualmente”, comentou.

Somando as três safras do cereal, a produção total está prevista em 116,1 milhões de toneladas, praticamente inalterada em comparação com o relatório de fevereiro.

As exportações de milho do Brasil em 2021/22 seguem estimadas pela StoneX em 40 milhões de toneladas, contra 20,9 milhões na safra anterior, e o consumo doméstico em 75,5 milhões, contra 71,5 milhões em 2020/21.

(Por Roberto Samora)

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