Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) – O tempo seco e a ocorrência de geadas em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná levaram a consultoria StoneX a reduzir nesta terça-feira suas estimativas para a moagem de cana e produção de açúcar do centro-sul em 2021/22, apontando ainda um déficit global da commodity.

A moagem agora está projetada em 541 milhões de toneladas para a safra 2021/22, ante 568 milhões da previsão anterior, em maio.

Se confirmado, o novo volume estimado para o processamento da matéria-prima representará queda de 10,6% em relação ao ciclo de 2020/21, disse a consultoria em nota assinada pelas analistas de inteligência de mercado da StoneX Marina Malzoni e Rafaela Souza.

“Vale ponderar que, dado que os impactos das ondas de frio que atingiram o centro-sul ainda estão sendo computados, novas revisões negativas nesses números não são descartadas, a depender da extensão das áreas canavieiras atingidas”, ressaltaram as especialistas.

A produção de açúcar do principal polo do país foi estimada em 34,6 milhões de toneladas, queda de 10,1% contra a safra anterior. Em maio, a estimativa estava em 35,7 milhões.

A fabricação de etanol de cana passou a ser vista em 24,9 bilhões de litros, abaixo dos 25,1 bilhões projetados em maio. Quando comparada à temporada passada, a retração é de 10,4%.

Quanto ao mix produtivo, a consultoria disse que a maior parte das usinas continua elevando a produção de açúcar, de modo a saldar os contratos de exportação previamente acordados.

“No entanto, parcela das unidades produtoras já tem direcionado maior quantidade de cana para a produção de etanol, em meio ao estreitamento da paridade de preços do álcool com o açúcar –sendo que, em algumas localidades, o biocombustível já vem se mostrando mais competitivo.”

Assim, a inteligência de mercado da StoneX prevê que o mix açucareiro se mantenha inalterado frente ao ciclo 2020/21, em 46,1%, mas levemente abaixo dos 46,8% apontados na projeção anterior.

EFEITO GLOBAL

A StoneX reverteu sua expectativa de superávit de 1,7 milhão de toneladas prevista para o açúcar em maio, referente à safra 2021/22, e passou a ver um déficit de 1 milhão de toneladas.

“Tal cenário responde à dinâmica climática adversa no centro-sul do Brasil e maior diversificação do açúcar para o etanol na Índia, apesar das expectativas positivas para a retomada da fabricação na Ásia e Europa.”

Segundo a consultoria, as perspectivas para as monções na Ásia até o final de setembro se mostram positivas, com as chuvas sazonais tendendo a se situar próximas da média histórica. Na Índia, a conjuntura climática, aliada a expectativa de crescimento da área plantada com cana, corrobora aumento na produção de açúcar.

Entretanto, as expectativas se mostram mais otimistas para a ampliação da capacidade de destilação de etanol do país, de modo a alcançar a taxa de mistura de 10% do biocombustível na gasolina (E10). “Por isso, a StoneX considerou que 3,0 milhões de toneladas de açúcar sejam direcionadas à produção de etanol em 2021/22 (out-set), contra as 2,5 milhões de toneladas estimadas na publicação de maio/21”, acrescentou a análise.

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