Criada para ajudar na gestão e diminuir o desperdício de alimentos frescos em grandes redes de supermercado, a foodtech Aravita acaba de receber investimentos de mais de R$12 milhões. 

A solução que a startup está desenvolvendo tem como proposta otimizar a compra das grandes redes de supermercados, reduzindo a sobra de alimentos frescos ou perda de venda, o que impacta diretamente na rentabilidade.  

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Inteligência artificial como base

O CEO da empresa, Marco Perlman, contou que ele e os outros dois fundadores já tinham a ideia de usar a Inteligência Artificial para o desenvolvimento de um negócio e viram na gestão de alimentos frescos um filão a ser explorado. 

“O setor de alimentos altamente perecíveis é muito complexo por conta do impacto de variáveis diversas, como clima, sazonalidade, cenário econômico, comportamento de consumidores em cada unidade da rede, etc. E os modelos de previsão de vendas consideram essas inúmeras variáveis para gerar a melhor combinação de ordens de compra. Ou seja, pedidos de compras assertivos reduz a sobra de alimentos frescos ou mesmo a perda de venda”, explicou. 

Por enquanto, a solução está sendo usada somente em uma rede varejista e pretendem colocar mais um projeto piloto no mercado até o fim do ano. Perlman explica que o modelo de Inteligência Artificial irá ser “treinado” para receber cada vez mais informações.  

Empresa recebeu investimentos internacionais

A maior parte do investimento recebido pela empresa foi de dois fundos: a Qualcomm Ventures, braço de investimentos da Qualcomm Incorporated, líder mundial em tecnologias wireless; e a 17Sigma, estabelecida pelo fundador e CEO da Ualá, empresa argentina do setor de gestão de cartões pré-pagos, Pierpaolo Barbieri.

O CEO explicou que mais da metade do dinheiro captado até o momento pela Aravita foram de investidores estrangeiros, o que para ele quer dizer que o mercado se importa com iniciativas para coibir o desperdício de alimentos.  

“Eu já captei dinheiro em outros momentos e você conversa com muita gente até conseguir dar match. Acho mais importante pensar de quem a gente recebeu esse dinheiro, que foram fundos muito interessados em inovação”, disse. 

Além de Perlman, a empresa tem outros dois co-fundadores: Bruno Schrappe, da área de tecnologia; e Aline Azevedo, com formação e atuação na área de engenharia de alimentos. O investimento será para desenvolver a tecnologia e implementação da plataforma.   

Os números do desperdício no mundo

O desperdício de alimentos é uma grande questão social em um planeta onde mais de 811 milhões de pessoas passam fome. Somente no Brasil, são mais de 33 milhões em um quadro que se agravou durante a pandemia de Covid-19. Segundo a FAO, da ONU, mais de 930 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo por ano na Terra. 

O desperdício também custa muito caro para o meio ambiente. De acordo com Índice de Desperdício de Alimentos 2021 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o desperdício causa a emissão de mais de 3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa.