Depois de viver o drama da concordata e ver um ambicioso projeto de expansão internacional ruir, a fabricante de jeans Staroup ensaia uma volta à cena. O novo momento pode ser traduzido em números. No ano passado, as vendas atingiram R$ 42 milhões, um aumento de 23,5% em relação a 1999. O lucro repetiu a marca anterior: R$ 100 mil. A safra de boas notícias inclui ainda a retomada das exportações para os Estados Unidos ? para onde vão ser embarcadas um milhão de calças com a etiqueta Staroup – e a assinatura de contrato para a fabricação de um milhão de peças para um grife de renome mundial, cujo nome é mantido em sigilo. Por sua vez, o mercado interno vai ser abastecido com uma fatia idêntica. ?Os bons tempos estão de volta?, celebra Álvaro Pontes, presidente da Staroup. Apesar da euforia, ele não se arrisca a prever como se comportarão os números da companhia este ano. ?O mercado é muito dinâmico?, justifica. Além de conseguir devolver o balanço ao azul, a equipe comandada pelo executivo tirou a empresa da concordata e fez bonito na renegociação com os credores. A parcela da dívida em moeda estrangeira (US$ 3,5 milhões) foi zerada no ano passado. Os R$ 9 milhões restantes foram renegociados e a amortização vai ser feita em seis anos. ?Fizemos um excelente negócio?, garante.

O patamar de três milhões de peças produzidas remete a grife à sua melhor época, a década de 80, quando esteve entre as marcas mais cobiçadas pelos jovens. O ressurgimento, segundo Pontes, foi meticulosamente preparado ao longo dos últimos cinco anos. Quando assumiu o posto, em 1996, ele cortou a fundo. A folha de pessoal foi reduzida de três mil trabalhadores para cerca de 200, as três fábricas foram parcialmente desativadas e o serviço de costura, terceirizado. O executivo mandou ainda cortar a produção para estancar o processo de banalização da marca e colocou no mercado novas etiquetas: Eurokhakis, Eurojeans e Ranger. Na última semana, chegou ao mercado a linha Ecojeans, cujo tecido, fabricado pela Santista, é produzido a partir da reciclagem de sobras de produção. O ocaso da empresa se deu em 1992 com o pedido de concordata, fruto da estratégia equivocada de André Ranschburg, sobrinho do fundador Johann Gordon. Megalômano, ele pensava em construir a ?Levy?s dos trópicos?, abrindo fábricas na Europa (Portugal e Hungria) e União Soviética. A crise levou os demais acionistas a afastar a família da gestão da empresa.