O clima do Independent Spirit Awards é bem diferente da do Oscar. Em uma tenda montada na praia de Santa Monica, a premiação dos filmes independentes, que aconteceu no sábado, 25, é mais descontraída. E foi ali que o longa Moonlight – Sob a Luz do Luar foi consagrado. O filme ganhou todos os cinco troféus que disputava – produção, direção, roteiro, montagem e fotografia -, além do Robert Altman Award para seu elenco, diretora de elenco (Yesi Ramirez) e diretor (Barry Jenkins).

Por causa do prêmio, anunciado previamente, nenhum dos atores do filme concorreu nas categorias de interpretação. Indagado sobre como estava se sentindo ao ter um filme sobre inclusão em um momento tão delicado dos Estados Unidos, Jenkins disse: “Estou muito bravo. Acho que a maioria das pessoas aqui hoje também está. Moonlight é um farol de inclusão, que mostra uma versão válida da América, tanto quanto a história de uma família branca. Isso me deixa empoderado. Mas fiz este filme em outra administração, quando me sentia seguro.

O espaço agora não é tão seguro”. A cantora e atriz Janelle Monáe, que está no elenco, acrescentou: “Estamos inspirados a fazer mais. A voz de todo mundo importa, sem interessar de onde você vem, se é homem ou mulher, gay ou não. Todos merecemos ter nossas histórias contadas”.

O troféu de melhor filme internacional foi para a coprodução entre Alemanha e Romênia Toni Erdmann, de Maren Ade, em uma categoria em que o brasileiro Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, também concorria. “Fico feliz e orgulhosa de estar aqui como uma cineasta mulher, porque ainda não é tão comum”, disse a alemã. Mas teve um pouquinho de Brasil na vitória de A Bruxa, de Robert Eggers, como melhor filme de estreia e melhor roteiro de estreia: o filme é produzido por Rodrigo Teixeira.

Já a francesa Isabelle Huppert ganhou o troféu de melhor atriz por seu trabalho em Elle, de Paul Verhoeven. A francesa, que saiu vitoriosa do César na noite de sexta-feira, 24, em Paris, chegou de última hora à festa do Independent Spirit Awards e pulou da cadeira ao ouvir seu nome. “Tanto reconhecimento me dá muita energia, e estou rodando um filme em Paris agora, então isso também me dá energia”, explicou a atriz mais tarde. “Para mim, o bom cinema sempre é independente”, disse. Ela também contou por que gostou da personagem. “É uma pessoa forte, não é uma vítima. É ferozmente independente”, explicou.

Casey Affleck levou o prêmio de melhor ator por Manchester à Beira-Mar. Ele brincou que gostaria de fazer um papel mais feliz. “Eu me acho uma pessoa feliz, apesar das aparências”, afirmou.

O melhor ator coadjuvante foi Ben Foster, por A Qualquer Custo. “Todos amamos histórias. Eu amo tanto que quero viver dentro delas”, disse. O prêmio de atriz coadjuvante ficou com Molly Shannon, por Other People. O.J. – Made in America, documentário de oito horas dirigido por Ezra Edelman, foi o vencedor na categoria.

Os apresentadores Nick Kroll e John Mulaney fizeram muitas piadas com a atual situação política dos Estados Unidos, dizendo, por exemplo, que Steven Bannon, consultor do presidente, só está no governo por causa de sua beleza e que Donald Trump tem as mesmas origens de Robert Durst (acusado de assassinar três pessoas e tema da série The Jinx), mas é menos adorável.

O clima leve voltou quando Andy Samberg, imitando o cantor Eddie Vedder, cantou Alive, sucesso do Pearl Jam, enquanto eram celebrados os artistas que não morreram este ano – ao contrário do Oscar e sua seção “in memoriam”, que homenageia os artistas mortos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.