Na contramão dos impactos na economia real, as bolsas internacionais atravessaram o mês de maio e entraram em junho no ritmo de um verdadeiro bull market (termo que o mercado usa para momentos de forte alta nas cotações). Ao subir 1,2% na segunda-feira (8), o índice S&P 500 acumulou alta de 44% em relação ao seu ponto mais baixo, registrado em março, e zerou as perdas no ano. Uma valorização acima de 20% já costuma caracterizar um bull market. O avanço foi alimentado pela esperança de uma recuperação rápida dos negócios, desconsiderando os riscos econômicos e sanitários que ainda devem ser enfrentados pela maior parte da economia e das famílias. A interrupção de queda dos números de desempregados nos EUA, na semana anterior, animou mercados por todo o mundo. A Nasdaq atingiu no mesmo dia um recorde de pontos (9.924), expansão de 44,7% frente à mínima de 23 de março. No Brasil, o Ibovespa fechou sete dias consecutivos em alta e acumulou valorização de 11,72% no mês de junho, até a segunda-feira (8). Mesmo assim, o mercado ainda estava 18,3% abaixo da máxima histórica. No dia seguinte, com um leve reajuste, a bolsa brasileira fechou com baixa de 0,9%, refletindo também leves quedas no S&P e no Dow Jones, nos EUA. A Nasdaq, por outro lado, manteve a alta e superou os 10 mil pontos pela primeira vez em sua história.

PRIVATIZAÇÃO
Banco do Brasil quer participação do governo abaixo de 50%

O desejo do ministro Paulo Guedes de privatizar o Banco do Brasil ficou escancarado em vídeo de reunião ministerial revelado pela Justiça. Em reunião de comissão mista no Congresso para tratar da pandemia, na segunda-feira (8), Rubem Novaes, presidente do banco, revelou como seria esse processo: a venda de ações por parte do governo, para que o controle seja pulverizado e deixe de ser detido em mais de 50% pelo Estado. Seria uma forma mais simples do que a venda para uma instituição nacional ou estrangeira, e com menos impedimentos legais. Segundo Novaes, esse movimento seria necessário para o BB ganhar agilidade e acompanhar as mudanças tecnológicas.

AUSTERIDADE
Banrisul interrompe pagamento de juros

O Banrisul anunciou que vai suspender o pagamento de juros sobre capital próprio para os trimestres fechados em junho, setembro e dezembro. A distribuição ocorria de forma ininterrupta desde 2008, mas resolução do Conselho Monetário Nacional pediu às instituições financeiras que não fizessem os repasses para melhor se protegerem dos riscos durante a pandemia. Em outra decisão, o banco aprovou pagar dividendos complementares relativos a 2019, em total de R$ 73,7 milhões.

COMÉRCIO ELETRÔNICO
Mercado Livre oferece capital de giro

Divulgação

O Mercado Livre lançou linhas de capital de giro para pequenos negociantes que utilizam a sua plataforma e o serviço de pagamentos on-line Mercado Pago. O crédito será possível em operações de valores que vão de apenas R$ 100 a R$ 350 mil, que seriam pagos em parcelas de 15%, 25% ou 35% descontadas diretamente das vendas diárias efetuadas. O maior portal de comércio eletrônico da América Latina, comandado por Stelleo Tolda, busca minimizar os efeitos da pandemia sobre as vendas. Em abril, a divisão de financiamento Mercado Crédito já havia criado uma linha de R$ 600 milhões para pequenos empreendedores brasileiros.

DÍVIDA
Raízen emitirá R$ 1,25 bilhão de debêntures

A Raízen Energia, joint venture entre a Shell e a Cosan, aprovou a realização de duas emissões de debêntures. Totalizando R$ 1,25 bilhão, servirão para reembolso de gastos, despesas e dívidas (a primeira, de R$ 169,5 milhões) e para investimentos na operação (a segunda, de R$ 1,08 bilhão). O anúncio indica uma atividade maior do mercado de dívida privada. No começo da crise, houve temores de que ele poderia enfrentar falta de liquidez e riscos acentuados. Nos últimos dias, a rede de academias Smartfit, a empresa de call center Atma e a fabricante de rodas automotivas Iochpe-Maxion, fortemente afetadas pela pandemia, buscaram rediscutir com donos de suas debêntures os termos de emissões feitas. Todas estariam com dificuldades de cumprir os pagamentos.

REABERTURA UBS
prepara volta ao escritório em Nova York

Com a expectativa de que o pior da pandemia já passou em Nova York, o banco UBS prepara a volta de operadores e de outros funcionários de gestão de risco aos seus escritórios na cidade. A volta será permitida para colaboradores de algumas áreas, mas não será obrigatória, informou a agência de notícias Bloomberg, com base em relatos de integrantes do banco. O movimento se segue ao do rival Morgan Stanley, que começou a reabrir seu escritório em Manhattan com a esperança de que o surto da Covid-19 já possa estar controlado.