O carnaval de escolas de samba de São Paulo vai terminar com um cigarrinho. Ou melhor: o segundo e último dia de desfiles do Grupo Especial será encerrado pelo desfile da Gaviões da Fiel, com um enredo homenageando o tabaco.

Com A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente, a Gaviões vai contar a história, as lendas, as características e os malefícios do tabaco. Trata-se de um “segundo cigarrinho”, considerando que o enredo foi defendido pela escola há 25 anos, no desfile de 1994 (a escola foi vice-campeã). Desde aquela época, o samba vem sendo cantado pela torcida corintiana durante e no fim de muitas partidas do time.

De acordo com a escola, retomar o tema foi uma forma de “resgatar um carnaval apoteótico”. Mas, apesar disso, adverte que dessa vez o enredo terá uma nova roupagem na avenida. Como curiosidade fica a última estrofe do samba que, além de divulgar um famoso slogan de marcas de cigarro (“É um raro prazer”) também adverte: “Mas não abuse/ Que faz mal pro coração (e pro pulmão)”.

De polêmica em polêmica. De volta ao início, a primeira escola a pisar no Anhembi, às 22h30, será a Águia de Ouro. A agremiação vai defender o enredo Brasil, Eu Quero Falar de Você! O tom é de crítica política, mas com o adendo de que o governo recém-eleito será poupado por ainda não ter tido tempo de mostrar a que veio – e do tema ter sido escolhido antes das eleições. O samba fala de “um País descolorido” (referência ao ex-presidente Fernando Collor de Mello) e também sobre as manifestações que derrubaram a presidente cassada Dilma Rousseff (“E o povo na rua, revestido de coragem/Lava a alma de esperança pra acabar com a sacanagem”).

A Águia de Ouro passou por uma polêmica na internet durante os ensaios técnicos do Anhembi. Um dos membros da escola estava fantasiado de Hitler e emulando o gesto da “arma” com as mãos – feito pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial. O resultado é que a escola se apressou em pedir desculpas a comunidade judaica e ao próprio Bolsonaro. O folião foi afastado e não desfilará hoje.

Às 23h35 quem entra é a Dragões da Real. Ela propõe uma viagem pelo tempo. “Somos escravos da hora/ Senhores do agora/ Num mundo veloz/ Será que é o tempo que passa/ Ou quem passa somos nós?”

Depois será a vez da Mocidade Alegre, com Ayakamaé – As Águas Sagradas do Sol e da Lua, inspirado em uma lenda indígena. “Vou pelas águas que Tupã abençoou/ Amazonas, meu amor! (Amazonas… Amazonas, meu amor!).”

À 1h45 entra na passarela a tradicional Vai-Vai. A escola vai apresentar as lutas do povo negro em Vai-Vai, o Quilombo do Futuro. Um dos momentos altos do samba é o trecho que diz: “A liberdade é minha por direito/ Não vamos tolerar o preconceito/ Somos todos irmãos/ E a luz da razão vai nos guiar…”

Outra escola tradicional e forte do carnaval de São Paulo entra na sequência. A Rosas de Ouro, defendendo o enredo Viva Hayastan! – uma homenagem ao povo armênio. Às 3h55 é a vez da Unidos da Vila Maria, que homenageará o Peru, com o enredo Nas Asas do Grande Pássaro, o Vôo da Vila ao Império do Sol.

E, por último, um cigarrinho será aceso pela Gaviões para encerrar o desfile do Grupo Especial em São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.