A ameaça de novo rebaixamento na nota de crédito do Brasil coincidiu com mais uma tentativa do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de apresentar ao mundo um país em recuperação, sob nova gerência e mais atraente para os investidores. Ele foi confrontado com a novidade, numa entrevista, ao sair de um almoço da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Washington, na vizinhança da Casa Branca.

No dia anterior, o executivo da Standard & Poor’s (S&P) Joydeep Mukherji havia indicado o risco de novo corte da nota brasileira se a reforma da Previdência continuar emperrada ou se sair muito diluída.

As agências, disse o ministro, estão cumprindo sua função e seus alertas são compatíveis com os do governo. “Temos dito que a aprovação da (reforma) da Previdência é fundamental para a sustentabilidade, a longo prazo, das contas do Brasil. Quanto mais cedo isso ocorra, melhor.”

As agências, acrescentou, têm demonstrado confiança no País. Elas fazem o seu trabalho e o governo deve fazer o dele: “Não me preocupo com o trabalho delas, mas elas têm de se preocupar com o nosso.”

As três principais classificadoras de risco de crédito, a S&P, a Moody’s e a Fitch, cortaram a nota do Brasil duas vezes, nos últimos meses do governo da presidente Dilma Rousseff. Com esses cortes, o País foi rebaixado ao nível especulativo e ficou dois degraus abaixo do piso da área reservada àqueles classificados como bons pagadores.

De fato, ninguém expressou dúvida quanto à capacidade ou à disposição do governo brasileiro de pagar suas dívidas, mas o rebaixamento refletiu a desordem crescente das contas públicas. Com o início da política de ajuste, a baixa de inflação e o começo da recuperação econômica, os prêmios de risco do crédito brasileiro têm caído no mercado internacional.Mas as decisões das agências envolvem avaliações mais complexas e podem ser demoradas.

Durante o almoço, o ministro havia falado sobre as mudanças na política econômica, a recuperação iniciada no primeiro trimestre, o esforço de ajuste das contas públicas e o programa de reformas. Ele reafirmou a expectativa de ver aprovada a reforma da Previdência ainda neste ano e mencionou sua importância para a sustentação do teto de gastos e para a criação de espaço fiscal, necessário para a preservação das funções de governo e para os investimentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.