O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem tentado atender os desejos de Jair Bolsonaro em melhorar sua popularidade. Entre medidas de afagos para a população mais pobre e apoio aos seus tradicionais apoiadores caminhoneiros, o ministro tem oferecido ao mandatário da nação as armas que ele precisa para iniciar a campanha eleitoral televisiva nas próximas semanas.

Mas parece que ao olhar a base da pirâmide, Bolsonaro têm se afastado da elite financeira que formou parte relevante de seu apoio em 2018. Mas, ao contrário do que se pensa, o que tem afastado esse perfil de eleitor não são os ímpetos gastadores, nem os potenciais problemas fiscais (eles todos podem ser precificados). São os rompantes nada democráticos que o presidente tem adotado em suas últimas aparições públicas.

A problemática entrevista para embaixadores, que Bolsonaro convocou na última semana para questionar o sistema eleitoral brasileiro, a mensagem direta de Washington ao Ministério da Defesa do Brasil, sobre seguir a ordem democrática e a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito” acabaram pesando. E a equipe de campanha do atual presidente procura formas de contornar a situação. Um dos assessores políticos de Bolsonaro confirmou à reportagem que há agora uma força tarefa para pensar em formas de recuperar o apoio dessa elite econômica. “Em 2018 eles foram importantes vetores de comunicação do presidente. E podem voltar. Só precisamos da estratégia certa”.

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De dentro do ministério da Economia, a solução seria o desenho um crédito facilitado, oferecido por meio de um banco público. Ainda sem definição, a estimativa da equipe de Paulo Guedes seria a oferta de ao menos R$ 30 bilhões para fortalecer o empresariado que teve seus ganhos reduzidos durante a pandemia e precisa investir para voltar a crescer. Oficialmente, no entanto, nada foi definido. E seu efeito na mudança dos votos pode ser nulo, já que o mais esperado seria um posicionamento público de Bolsonaro sobre confiar nas urnas, o que o
Messias já disse que não fará.

Entre os políticos do centrão, que em sua maioria tem ligações com algum elo da cadeia produtiva, há uma pressão tanto no presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) quanto nos políticos que estão em cargos dentro do governo. A discussão tem sido montar um plano B, ou plano L, caso o ex-presidente Lula seja reeleito. Em entrevista ao portal UOL, o petista fez um aceno direto ao presidente da Câmara, dizendo achar que ele será reconduzido ao posto de presidente da Câmara ano que vem. Dois dias depois, o tão esperado posicionamento do político do centrão sobre o processo eleitoral veio (mas com nove dias de atraso). Em um evento, ao lado de Bolsonaro, ele defendeu o processo eleitoral brasileiro e disse que confia nas urnas. Foi ao aceno de volta para Lula e um recado direto para a elite econômica, que também desenha seu Plano L.