Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) – A Bahia Mineração (Bamin) venceu nesta quinta-feira na B3 o leilão de concessão de trecho da ferrovia de integração Oeste-Leste (Fiol), sendo a única concorrente pelo ativo, pelo qual ofereceu pagar outorga mínima de 32,7 milhões de reais.

O resultado difere do ocorrido em leilão de 22 aeroportos na véspera, também organizado pelo governo federal, que apesar de ter tido um número limitado de concorrentes, resultou em um ágio de cerca de 17 vezes a outorga mínima.

O trecho licitado da Fiol nesta quinta-feira tem 537 quilômetros de extensão, ligando as cidades de Ilhéus e Caetité, na Bahia, sendo um corredor de escoamento de minério de ferro extraído pela própria Bamin e permitindo também o transporte de grãos, a partir da futura concessão do trecho II.

“O que importa é que vamos contratar bilhões de reais em investimentos e criar milhares de empregos”, afirmou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, após o resultado.

A Bamin terá que fazer investimentos de 3,3 bilhões de reais ao longo de 35 anos de concessão. Desse total, 1,6 bilhão será utilizado para a conclusão das obras do trecho, que estão com 80% de execução pelo próprio governo.

Subsidiária da Eurasian Resources (ERG), do Cazaquistão, a Bamin iniciou as atividades em fevereiro com produção prevista de 1 milhão de toneladas de minério neste ano e planeja dobrar a produção para 2 milhões de toneladas em 2022.

Com a Fiol, o objetivo será elevar a capacidade anual de produção a 18 milhões de toneladas até 2026. Para isso, prevê investir 14,3 bilhões de reais, sendo 5 bilhões na mina, 3,3 bilhões na ferrovia, 6 bilhões no Porto Sul, em Ilhéus, segundo valores atualizados, considerando variação cambial.

O diretor-executivo da Bamin, Eduardo Ledsham, disse que tanto o pagamento da outorga quanto os investimentos para as obras da ferrovia serão feitos com recursos próprios, e a expectativa é de que a unidade de negócios seja financeiramente autossustentável, diante do aumento esperado da capacidade, que deve ser usado para atender o agronegócio.

“A decisão do acionista foi participar sozinho (do leilão)”, disse o executivo à Reuters, por videoconferência, pontuando que a empresa segue aberta a ter novos sócios e que há interessados.

A capacidade total esperada para a ferrovia no futuro é de 60 milhões de toneladas por ano, destacou, permitindo que 70% seja futuramente usada por outros clientes.

Para o diretor da área de infraestrutura da Alvarez & Marsal Marcos Ganut, o resultado do leilão era previsível, dada a complexidade do ativo, que de fato faz mais sentido para a Bamin, que o usará para escoar sua própria produção de minério.

“Seria surpresa se houvesse um concorrente, mas dá até para celebrar o resultado, porque passa o desenvolvimento da ferrovia para o setor privado”, disse à Reuters.

(Com reportagem adicional de Marta Nogueira)

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