Tem conta corrente. Também oferece cartão de crédito. Possui uma lista de 7 milhões de pessoas com ficha aprovada. Para quem pedir empréstimo, libera de R$ 50 a R$ 500 mil. Oferece seguro tanto para celulares quanto para garantia estendida.

Os clientes também podem pagar boleto. Logo vai oferecer opcões de investimento. Todas essas características descrevem, com precisão, um banco qualquer. Mas não é assim que o Mercado Pago, braço financeiro do Mercado Livre, quer ser conhecido.

“Somos concorrentes dos bancos, oferecemos quase todos os mesmos serviços e nosso modelo de negócio tem similaridades, mas não somos um banco”, afirmou o country manager da empresa, Tulio Oliveira. O que difere? Ele diz que é na forma de operar. “Temos flexibilidade e vamos oferecer soluções para o público mais maltratado pelos bancos”, disse o executivo.

Dentro dessa aparente contradição, Oliveira destaca a maneira de avaliar os riscos como um dos maiores diferenciais. Em vez de consultar o nome do cliente em instituições como Serasa, a análise de crédito utiliza big data e inteligência artificial para conceder empréstimos a negativados. Se atrair os maltratados e dar crédito para clientes com nome sujo vai dar certo, ainda não se sabe.

O que não há dúvidas é de que os números estão se multiplicando. No último trimestre de 2020, as transações com a conta digital atingiram US$ 3,3 bilhões, aumento de 246,9% na comparação com o mesmo período de 2019, e o volume de pagamentos alcançou US$ 15,9 bilhões, alta de 134,4%. Esses números explicam por que “boa parte” dos R$ 10 bilhões em investimentos do Mercado Livre neste ano vão para o Mercado Pago.

Tudo para fazer o que um banco faz, sem ser comparado com nenhum deles.

(Nota publicada na edição 1212 da Revista Dinheiro)