Após uma negociação de menos de uma semana, a empresa de pagamentos PicPay, controlada pelo grupo J&F, da família Batista, anunciou, nesta sexta-feira (23) a aquisição da totalidade das ações da fintech Guiabolso por um valor não revelado. A transação, realizada em sua maior parte em dinheiro e com uma pequena parcela de ações do PicPay, visa unir a empresa de pagamentos controlada pelos proprietários da JBS a uma das primeiras fintechs criadas no Brasil.
Fundado por Thiago Alvarez e Benjamin Gleason em 2012, o Guiabolso foi pioneiro no lançamento dos APIs, sigla para a expressão em inglês Application Programming Interface. Em português, sistemas capazes de consultar as contas correntes dos usuários em outros bancos para obter os dados e consolidar as informações de maneira automática.

A inovação causou desconforto junto aos grandes bancos, o que levou até a contestações na Justiça. O problema foi resolvido e, ao longo dos últimos anos, o Guiabolso se consolidou com uma das principais fintechs. Atualmente, segundo a empresa, são 6 milhões de usuários cadastrados. “Somos fortes em nossa plataforma de dados e no marketplace financeiro”, disse Alvarez à DINHEIRO.

Foi exatamente esse marketplace, que tem parcerias com empresas como Banco Votorantim, Creditas, Órama, Icatu e Digio, que atraiu a atenção do PicPay. “Nós tomamos a iniciativa de procurar o Guiabolso”, disse o vice-presidente de serviços financeiros do PicPay, Eduardo Chedid. Segundo Chedid, o marketplace do Guiabolso adapta-se bem à estrutura de pagamentos do PicPay, que já conta com 55 milhões de usuários ativos.

Com a aquisição, o PicPay vai assumir totalmente as operações do Guiabolso. Os aspectos societários não estão resolvidos, e os executivos afirmaram ainda não saber se o Guiabolso permanecerá como uma empresa independente ou se será absorvida pelo PicPay. O que se sabe é que Alvarez permanecerá no negócio, passando a ser vice-presidente de Open Banking do PicPay. O Guiabolso tem R$ 1 bilhão em crédito concedido por meio de parceiros na plataforma. Segundo Chedid, a aquisição mostra o comprometimento dos controladores.

A aquisição foi uma das maneiras de o PicPay acelerar seu crescimento, apesar do insucesso de listar suas ações no mercado acionário americano. Segundo Chedid, a abertura de capital foi adiada e, até 2023, a empresa vai se concentrar no crescimento da base de clientes e na integração das duas operações. Os aplicativos continuarão operando normalmente e de forma separada.