Considerado um dos mais importantes estilistas do século 20, o americano Ralph Lauren, 80 anos, acaba de dar um admirável exemplo ao mundo do luxo. De origem pobre – ele é filho de imigrantes judeus, da classe trabalhadora –, o homem cujo nome virou sinônimo de glamour doou US$ 10 milhões (mais de R$ 50 milhões) para ajudar no combate ao coronavírus. “Estamos tomando medidas significativas para ajudar a sociedade nessa crise”, disse Lauren, cuja companhia estimou em US$ 90 milhões as perdas que deve ter com a crise econômica gerada pela pandemia no planeta. “Acreditamos que não importa quem você é ou de onde você é, estamos todos conectados.” O estilista americano não é o único empresário do segmento de alto requinte a tomar uma atitude em relação à doença que assombra habitantes dos quatro cantos da Terra. Outras grifes icônicas fizeram o mesmo. Dessa louvável lista, fazem parte Armani, Louis Vuitton, Prada, Versace, entre outras.

ELEGÂNCIA GENEROSA: Ralph Lauren doou mais de R$ 50 milhões para pesquisas científicas e ajuda humanitária. (Crédito:Divulgação)

No caso da Ralph Lauren, os US$ 10 milhões serão divididos em quatro fatias. Uma delas irá à Organização Mundial da Saúde (OMS), para o desenvolvimento de pesquisas científicas, inclusive na busca por uma vacina. Uma segunda parte vai para o Fundo Pink Pony, que trata pessoas com câncer e que ficam ainda mais vulneráveis se contaminadas com o coronavírus. As outras duas fatias serão empregadas para dar auxílio financeiro aos funcionários da própria Ralph Lauren – enquanto as lojas estiverem fechadas – e para ajudar pequenas empresas do mundo da moda a suportar as perdas causadas pela Covid-19.

Além de tudo isso, a companhia está investindo na fabricação de mais de 250 mil máscaras faciais nos Estados Unidos, país com o maior número de pessoas contaminadas (cerca de 190 mil, até a tarde da quarta-feira 1º) e mais de 4 mil mortes.

Situação ainda mais grave do que a dos americanos tem sido vista na Itália. No país mais elegante do planeta, os números da pandemia são aterradores. Já são cerca de 110 mil casos confirmados de contaminação e quase 14 mil mortes, o que representa cerca de um terço de todos os óbitos que o vírus causou até agora no planeta. Nesse cenário, célebres grifes italianas entraram na guerra contra a doença. A Prada, por exemplo, doou seis Unidades de Terapia Intensiva para três hospitais (duas UTIs para cada instituição médica) de Milão, a meca da moda mundial e uma das cidades mais afetadas pela pandemia. A grife divulgou que produzirá, ainda, 80 mil macacões médicos e mais de 100 mil máscaras para os profissionais de saúde que trabalham na região da Toscana. Giorgio Armani e Donatella Versace também abraçaram a causa.

O estilista italiano anunciou, recentemente, a doação de US$ 1,5 milhão
(R$ 7,5 milhões) para o auxílio a infectados, enquanto Donatella enviou US$ 220 mil (pouco mais de R$ 1,1 milhão) para ajudar nos trabalhos de contenção do vírus. A também italiana Moncler, conhecida por suas jaquetas de frio e roupas de esqui, foi ainda mais generosa: doou US$ 11 milhões (R$ 55 milhões) para a construção de um hospital em Milão.

AJUDA HUMANITÁRIA: Dona de marcas como Louis Vuitton (à esq.), Dior e Givenchy, a holding LVMH enviou mais de R$ 11 milhões ao escritório da Cruz Vermelha na China. (Crédito:Divulgação)

DESINFETANTES GIVENCHY Mais um belo exemplo vem de outro país igualmente importante para o mundo da moda. Agrupando as marcas Christian Dior, Louis Vuitton, Bulgari, Moët et Chandon, Givenchy e Hennessy, a poderosa holding francesa LVMH já enviou US$ 2,3 milhões (R$ 11,5 milhões) ao escritório da Cruz Vermelha na China. Além disso, o grupo doará 40 milhões de máscaras ao Ministério da Saúde da França e já está usando suas fábricas de perfume – como as unidades da Dior e da Givenchy – para produzir desinfetantes para as mãos e doar a comunidades carentes. A Bulgari, por sua vez, doou US$ 120 mil (mais de R$ 600 mil) ao departamento de pesquisa do Hospital Lazzaro Spallanzani, em Roma, para a compra de um microscópio 3D. E assim, marcas de luxo encontram, cada uma à sua maneira, formas de ajudar a sociedade a enfrentar uma das maiores crises de saúde dos últimos séculos. Num claro sinal de que solidariedade também é grife.