O presidente mundial da Intel Craig Barrett se deparou com a mesma pergunta dezenas de vezes nos últimos anos. Na semana passada durante mais uma visita ao Brasil, ele procurou ser enfático na resposta sobre a possibilidade da empresa construir uma fábrica de processadores no país. ?O futuro do Brasil está na exportação de software. Na área de chips é muito difícil competir com os países asiáticos, especialmente Taiwan?, afirmou a DINHEIRO após uma palestra, em São Paulo, para 500 professores que foram conhecer as inovações da companhia na área de educação. ?A janela da fábrica está praticamente fechada.?

Barrett desembarcou no país no domingo, 27, para uma visita
de três dias antes de seguir para o Chile. Na segunda-feira, ele esteve em Brasília para conversas com os ministros do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, da Educação, Cristovam Buarque, e um grupo de deputados. Nessas conversas, o presidente da Intel defendeu o conceito que vem difundindo no resto do mundo: a inovação tecnológica passa por um grande investimento no setor de educação. ?O conhecimento é o grande negócio do futuro e vai agregar valor a uma sociedade?, disse o executivo. Durante esses encontros oficiais, Barrett procurou mais uma vez reforçar a posição que a construção de uma fábrica aqui (um investimento estimado em US$ 2 bilhões de dólares) não é tão importante quanto a consolidação da indústria de software. ?O software brasileiro tem grandes chances no mercado internacional.?

A questão da fábrica é um antigo sonho no setor de tecnologia nacional. Na metade dos anos 90, o Brasil teve a chance desse investimento, mas perdeu para a Costa Rica. Os mais críticos dizem que o Brasil ficou para trás porque os técnicos da Intel foram recebidos em Brasília por técnicos do terceiro escalão e na Costa
Rica pelo presidente da República. Essa é a parte folclórica da história. A Intel preferiu a Costa Rica por uma série de benefícios fiscais, tributários e alfandegários que deram liberdade total para a empresa realizar o seu projeto.

Nas conversas no Brasil, Barrett procurou colocar essas questões
no passado. Nos dois últimos compromissos ainda na terça-feira,
um almoço com a cúpula do grupo Itaúsa e um encontro com empresários e empreendedores, Barrett foi direto nas questões.
Ao questionado porque a Intel não constrói um grande laboratório
no país como fez em Pequim, na China, ele foi claro: ?Lá o governo criou as condições que justificaram o investimento?, disse. Sem
se referir diretamente ao governo brasileiro, Barrett afirmou nas entrelinhas que aqui essas condições capazes de atrair marcas
como a Intel ainda não foram criadas.