América Latina esta cada vez mais no foco dos investimentos do SoftBank. A empresa, que tem ativos de US$ 270 bilhões, é um dos maiores e mais tradicionais investidores em tecnologia. Depois de tacadas certeiras como comprar 20% da empresa de comércio eletrônico Alibaba (e de derrapadas como apostar US$ 20 bilhões no WeWork para ver o valor da empresa derreter antes do IPO), o empreendimento fundado em 1981 pelo empresário e investidor japonês Masayoshi Son está cedendo à tentação latina. Para ele, a América Latina é uma das regiões mais importantes do mundo e crucial para o SoftBank. “Há muita inovação e disrupção ocorrendo na América Latina e acredito que as oportunidades de negócio nunca foram tão grandes nesta região”, disse ele à DINHEIRO.

Após destinar US$ 5 bilhões a um fundo dedicado à região em 2017, a companhia — que, apesar do nome, não é um banco — decidiu aumentar a aposta e vai alocar mais US$ 3 bilhões em outro veículo de investimentos, o Latin America Fund II. O total de US$ 8 bilhões indica que a corporação decidiu dobrar a aposta. Se em 2020 a fatia de seu portfólio em empresas latinas representava 1,3% do total de ativos, com o novo aporte essa participação chega a 2,9%. A rentabilidade de 85% desses investimentos explica o apetite renovado.

A estratégia não vai se alterar. Os alvos serão empresas de tecnologia jovens. O SoftBank colocou dinheiro em 15 das 25 startups latinas mais promissoras. Receberam recursos a mexicana Kavak, a colombiana Rappi e as brasileiras Creditas, Gympass, Madeira Madeira, Mercado Bitcoin, Quinto Andar e VTEX. A infusão de dinheiro, curadoria e contatos rendeu frutos abundantes. O valor das empresas investidas mais do que dobrou em dólares desde os aportes. No caso do QuintoAndar, a valorização foi de 2,6 vezes. Nos exemplos da Kavak e da VTEX, a expansão foi de 4,4 vezes, considerando-se o período até 30 de junho de 2021.

Kavak valorização de 4,4 vezes desde a injeção de recursos do SoftBank. (Crédito:Flavio Sganzerla)

RESULTADOS As medidas de restrição social provocadas pela pandemia turbinaram os negócios digitais, o que proporcionou esses resultados excelentes para o SoftBank. O lucro no ano fiscal encerrado em março foi de US$ 46 bilhões, um recorde. Com tanto dinheiro no bolso e um cenário promissor para os empreendimentos focados em tecnologia, saiu à caça de bons investimentos. Segundo um levantamento da empresa de pesquisas americana CB Insights, o grupo japonês tornou-se um dos maiores investidores do mundo em unicórnios, as empresas que valem pelo menos US$ 1 bilhão antes da abertura de capital.

Para descobrir mais alvos por aqui, o grupo liderado por Masayoshi Son reforçou a equipe na região. O time agora é comandado pelo boliviano Marcelo Claure, que está na organização há mais de três anos e antes presidiu a empresa de telecomunicações Sprint. Ele terá a companhia dos brasileiros Rodrigo Baer e Marco Camhaji na avaliação de novas empresas, ambos executivos experientes na área de venture capital. “Os empreendedores latino-americanos vêm demonstrando que a transformação digital deve acelerar até 2022. Por isso, o ano promete ser o mais importante em termos de IPO da história da América Latina”, disse Claure. “Assim, agora é a hora de dobrarmos nosso compromisso com a região.”