O Partido Socialista de Pedro Sánchez venceu confortavelmente neste domingo as eleições europeias na Espanha, um resultado que o presidente do governo tentará aproveitar para ganhar peso na Europa.

Com 85% dos votos apurados, “o Partido Socialista dos Trabalhadores espanhóis ganhou as eleições europeias”, proclamou a porta-voz da ex-executiva espanhola, Isabel Celaá.

Os socialistas obtiveram 33% dos votos e 20 deputados dos 54 que a Espanha envia ao parlamento, muito à frente do conservador Partido Popular (20% dos votos, 12 assentos).

A Espanha é o único dos seis grandes países do bloco onde, de acordo com os dados disponíveis, os socialistas venceram, em uma União Europeia na qual os eurocéticos lideram os resultados na França e na Itália.

Os europeus na Espanha também coincidiram com as eleições municipais e regionais em 12 comunidades autônomas, onde, de acordo com os resultados parciais, os socialistas lideram a maioria delas.

Atrás PSOE foram ficaram os liberais Cidadãos (12,22% dos votos, 7 assentos), que falharam na sua ambição de superar o PP, e a esquerda radical de Podemos (10% dos votos, 6 assentos).

A extrema direita da Vox conquistou quatro pontos a mais em comparação à eleição legislativa espanhola de 28 de abril, e alcançou apenas 6,2% dos votos, com 3 deputados.

Também entrarão na Eurocâmara o ex-presidente regional catalão Carles Puigdemont, na Bélgica desde a tentativa frustrada de se separar da Catalunha em outubro de 2017, e seu ex-vice-presidente, Oriol Junqueras, julgado em processo na Espanha.

Com o resultado europeu, Sanchez sai fortalecido quatro semanas após as legislativas que venceu sem maioria absoluta. O líder socialista tentará agora colocar um dos seus em um dos postos em jogo na UE.

Segundo fontes diplomáticas, uma possibilidade seria colocar Josep Borrell, atual ministro das Relações Exteriores e liderança dos socialistas na Espanha, como chefe da diplomacia europeia.

– Próxima etapa: formar governo –

Em um nível mais local, a questão é quem governará em 12 das 17 regiões autônomas do país, dotadas de amplas competências em questões como saúde e educação, e fonte de cargos e recursos públicos para os partidos.

A principal batalha está concentrada na região de Madri, onde é anunciada uma disputa acirrada entre o bloco de direita (PP, Cidadãos e Vox) e a esquerda, que com os socialistas à frente poderiam arrebatar essa autonomia do PP pela primeira vez em 24 anos.

No caso de uma clara vitória socialista em conjunto, Sanchez, sem maioria absoluta e sem formação ministerial, poderia optar por governar sozinho, com acordos específicos com outros partidos no parlamento.

O plano B seria aceitar a entrada do Podemos no governo para expandir sua base parlamentar. O Podemos tem um interesse especial em fazer parte do próximo governo, de modo a não perder mais terreno depois de passar de 71 deputados para apenas 42 nas eleições legislativas de 28 de abril.

No nível municipal, o candidato pró-independência catalão, o veterano Ernest Maragall do partido Esquerda Republicana, venceu pela primeira vez neste domingo as eleições municipais em Barcelona (nordeste da Espanha), impondo por uma margem estreita a saída da prefeita de esquerda Ada Colau.

Em uma batalha muito apertada, ambos os candidatos empataram com 10 vereadores cada um dos 41 vereadores municipais, mas o pró-independência conseguiu 5 mil votos a mais.

Já em Madri, a prefeitura será reconquistada pela direita. Embora a ex-juíza Carmena, de 75 anos, apareça em primeiro lugar com 31% dos votos, os partidos de direita e de extrema direita – Partido Popular, Cidadãos e Vox – obtiveram maioria absoluta na Câmara Municipal (30 de 57).

“Sabemos que não poderemos governar e, portanto, não vou continuar sendo prefeita”, admitiu Carmena, que em 2015 pôs fim a 24 anos de governos do Partido Popular na capital espanhola.

Agora, os conservadores poderão recuperar a cidade com seu candidato José Luis Martínez-Almeida se fecharem um aliança com o Cidadãos e o Vox.