Os social-democratas alemães autorizaram, nesta quinta-feira (7), a abertura das discussões sobre a formação de um governo com Angela Merkel, para tentar tirar a Alemanha do impasse político, mas com algumas exigências drásticas, sobretudo acerca da Europa.

Em um debate longo e animado, os 600 delegados do Partido Social-Democrata (SPD), reunidos em um congresso em Berlim, aceitaram dar início às discussões com os conservadores. Os resultados, eles insistem, estão em aberto.

A partir da semana que vem, o presidente do SPD, Martin Schulz previu reuniões com a chanceler e presidente da União Democrata-Cristã (CDU), Angela Merkel, e o líder do aliado bávaro CSU, Horst Seehofer.

Quase três meses após as eleições legislativas, Angela Merkel ainda está tentando formar um governo.

Muito prudente após ter saído prejudicado das eleições legislativas de 24 de setembro, o SPD deixou todas as portas abertas.

“Não devemos governar a qualquer preço. Mas não devemos nos recusar a governar a qualquer preço”, disse Schulz, ex-presidente do Parlamento europeu, antes de votar.

Schulz também foi reeleito para comandar o partido – que ele preside há menos de um ano – com mais de 81% dos votos.

– Divisões –

Pouco após a derrota nas legislativas, o SPD tinha afirmado querer fazer oposição ao governo. O partido recusou renovar a aliança com os conservadores de CDU e CSU – algo que tinha feito em dois mandatos (2005-2009 e 2013-2017), já com Merkel à frente do governo.

Mas após o fracasso, no mês passado, de uma tentativa de formação de um governo entre o grupo político da chanceler, os liberais e os Verdes, o SPD ficou novamente contra a parede: essa é a única aliança possível na Câmara dos deputados.

Os social-democratas ainda estão hesitantes entre entrar em um governo comandado por Merkel, ou apoiar de fora um governo conservador minoritário. Eles também podem acabar rejeitando as duas opções, forçando, assim, a realização de eleições antecipadas.

Uma das questões fundamentais para o partido é a Europa. O PSD apoia a postura do presidente francês, Emmanuel Macron, neste assunto

Schulz disse nesta quinta que quer construir “os Estados Unidos da Europa” até 2025, por meio do estabelecimento de uma Constituição Europeia “que permita uma Europa federal”.

Merkel comentou essa ideia recentemente em Berlim. Para ela, a prioridade deve ser a “capacidade de agir” da UE com uma melhor cooperação estatal até 2025, e “não a definição de um objetivo”, como os Estados Unidos da Europa.

As discussões entre os social-democratas, a CDU e seu aliado bávaro CSU para a formação de um quarto governo de Merkel deve levar alguns meses.

Caso seja alcançado um acordo, ele será submetido à votação dos militantes do SPD, reticentes acerca da oportunidade de formar uma nova “grande coalizão”.