Por Tilman Blasshofer e Sarah Marsh

FRANKFURT (Reuters) – Oito décadas depois que Raisa Valiushkevych fugiu da Ucrânia para escapar da invasão da Alemanha nazista, a sobrevivente do Holocausto de 98 anos se viu fugindo novamente –desta vez rumo à Alemanha, para escapar de bombas russas caindo ao redor de sua casa em Kiev.

Falando em um asilo judaico em Frankfurt, a professora aposentada disse que era estranho ter encontrado tal refúgio na terra de seus ex-perseguidores. Mas os tempos mudaram e ela se sentiu grata e bem-vinda.

Valiushkevych é uma dos cerca de 50 sobreviventes do Holocausto que organizações judaicas ajudaram a retirar da Ucrânia desde a invasão pela Rússia em 24 de fevereiro.

Muitos estão agora na Alemanha, que hoje tem uma das maiores populações judaicas da Europa e uma política de asilo particularmente acolhedora para os judeus –parte de uma política oficial para reparar seu passado.

“Encontrei uma segunda pátria aqui e me sinto bem”, disse Valiushkevych em sua língua russa nativa enquanto nevava lá fora. “Sou muito grata.”

Valiushkevych lembrou como ela, sua irmã e seus pais fugiram da Ucrânia em 1941 a pé e depois de trem para o Cazaquistão. Eles escaparam do Holocausto nazista que praticamente eliminou a população judaica da Ucrânia que antes da guerra era de cerca de 1,5 milhão.

Quando voltou, ela estudou biologia na universidade e tornou-se professora.

Valiushkevych nunca pensou que se tornaria uma refugiada novamente –desta vez em uma idade em que sua visão está falhando e ela não está bem o suficiente para sair sozinha.

“Foi difícil”, disse seu filho de 70 anos, Vadym Valiushkevych, que fez a viagem de três dias com ela. “As estradas foram bombardeadas. Minha mãe teve que tomar injeções no caminho.”

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